As agências mundial e norte-americana antidopagem recusaram-se a participar na comissão independente criada pela União Ciclista Internacional (UCI) para estudar o caso Armstrong, por entenderem que a independência da mesma não foi assegurada.
Ambas as agências expressaram na terça-feira o seu desacordo, de forma separada, com a UCI sobre o funcionamento da comissão independente encarregue de avaliar o papel desempenhado pela federação que tutela o ciclismo internacional, no escândalo de doping que envolveu o antigo ciclista Lance Armstrong.
Na origem das divergências esteve a recusa da UCI em incorporar na investigação um projeto desenvolvido pela agência norte-americana USADA, intitulado de "Verdade e Reconhecimento".
A AMA, através dum comunicado do seu presidente, John Fahey, anunciou que não iria colaborar com os trabalhos de investigação da comissão por duvidar da capacidade da UCI de agir de forma independente e sem influência externa, além de não oferecer "imunidade" aos atletas que colaborem.
«Uma abordagem que não permite que as pessoas deponham sem temer repercussões só vai perpetuar a lei do silêncio em que todas as investigações do ciclismo tropeçaram», lamentou a Fahey.
A autoridade mundial de combate ao doping lamentou ainda que a comissão tenha sido «aprovada sem a consulta das autoridades antidopagem», o que considera «inaceitável», mostrando-se ainda preocupada com o facto de a investigação não concentrar as suas atenções no problema do doping no ciclismo em geral, mas apenas no caso Armstrong.
As conclusões da AMA são similares ao discurso do presidente da USADA, Travis Tygart, que questiona o interesse da UCI na investigação e pergunta-se se esta não terá «manietado a comissão independente a fim de assegurar um resultado predeterminado».
«A recusa da UCI em oferecer a possibilidade de os envolvidos dizerem a verdade sem medo de consequências faz-nos questionar sobre a vontade da UCI de completar a investigação», concluiu Tygart.
Para a agência americana, o prazo de junho para a apresentação de um relatório pela comissão é demasiado curto e um travão à investigação.
A comissão independente criada pela UCI já reagiu a esta recusa das autoridades antidopagem, classificando-a de «lamentável».
Em comunicado, a comisso explica que seria conveniente para a investigação e para o ciclismo em geral que todos trabalhassem em conjunto.
A comissão é constituída por três membros, a antiga campeã paralímpica britânica Tanni Grey-Thomson, o advogado australiano Malcolm Holmes e um antigo juiz do tribunal de recursos da Grã-Bretanha, Sir Philip Otton.
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