Rui Costa voltou esta sexta-feira a provar que é um dos maiores estrategas do pelotão internacional, impondo-se com autoridade na sexta etapa do Critério do Dauphiné, à frente de Vincenzo Nibali, que vestiu a camisola amarela.
Debaixo de chuva, o ciclista da Lampre-Merida soube, como é seu hábito, esperar pelo momento mais oportuno para lançar um demolidor ataque, ultrapassando, a 300 metros da meta em Villard-de-Lans, o vencedor do Tour2014, que seguia isolado depois de ter deixado para trás Alejandro Valverde (Movistar) e Tony Gallopin (Lotto Soudal), os outros dois elementos do grupo de ‘luxo’ que animou a atípica tirada.
Costa, que cruzou a meta com o dedo a apontar para as listas arco-íris inscritas na manga da sua camisola da Lampre-Merida, reminiscências do título que conquistou em 2013, cumpriu os 183 quilómetros, com partida em Saint-Bonnet-en-Champsaur, em 04:29.23 horas, cinco segundos diante do italiano da Astana, que lhe negou por 29 segundos a liderança da geral individual.
A montanhosa (havia quatro contagens de terceira categoria, uma de segunda e uma de primeira) sexta etapa convidava às fugas, mas ninguém suporia que os fugitivos do dia fossem nomes de peso do pelotão internacional. Depois de várias tentativas fracassadas, Nibali vingou-se no desaire da véspera, ficando isolado na subida para Croix Haute, aos 67 quilómetros.
Prontamente, saltaram do pelotão Costa, Valverde, Gallopin e Tony Martin (Etixx-Quickstep), que já tinha andado fugido uns quilómetros antes. A qualidade dos cinco permitiu-lhes angariar uma vantagem que o grande grupo não conseguiu anular e disputar entre si a etapa e, consequentemente, a camisola amarela.
As más condições climatéricas, a dureza do traçado e a motivação dos outros fugitivos acabaram por eliminar Martin, que ficou cortado a 20 quilómetros da meta. Foi aí que apareceu a melhor versão de Nibali, que atacou, atacou até ficar isolado a pouco mais de mil metros da meta.
Mas Costa nunca desiste e, correndo de trás para a frente, ultrapassou o vencedor do Tour2014 mesmo a tempo de celebrar isolado a vitória na tirada, deixando Nibali na segunda posição e os outros dois companheiros de jornada a 38 segundos, um resultado que lhe permitiu ascender à segunda posição da geral.
"Foi uma reação de orgulho. Não corria desde a Volta à Romandia e a primeira parte da minha época não foi boa. Quando vim para o Dauphiné, precisava de respostas. Ontem não foi perfeito e precisava de redenção”, explicou o novo camisola amarela, que lidera com 29 segundos de vantagem para Costa e 30 para Valverde.
O anterior líder, o norte-americano Tejay Van Garderen (BMC) acusou o desgaste da perseguição, caindo para quinto na geral, a 42 segundos de Nibali, e o herói da véspera, o francês Romain Bardet (AG2R-La Mondiale), sofreu uma queda, perdendo contacto com os principais perseguidores, entre os quais se encontrava Chris Froome (Sky), hoje apenas nono, a 02.12 minutos.
Bruno Pires (Tinkoff-Saxo) foi o segundo português a cruzar a meta, na 30.ª posição, a 06.25 minutos, tendo subido a 31.º na geral (a 16.40 minutos), enquanto todos os outros representantes nacionais chegaram num grupo a 36.25 minutos.
Tiago Machado (Katusha), que caiu na véspera, desceu ao 59.º posto da geral, a 38.52 minutos de Nibali, José Mendes (Bora-Argon 18) ocupa a 71.ª posição, a 46.14 minutos, e Nelson Oliveira (Lampre-Merida) é 90.º, a 52.14 minutos.
No sábado corre-se a sétima etapa, uma ligação de 155 quilómetros, entre Montmélian e Saint-Gervais.
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