Tony Martin voltou a provar que não há melhor contrarrelogista, ao impor-se hoje na 20.ª etapa na Volta a França em bicicleta, a da confirmação de Jean-Christophe Péraud e Thibaut Pinot como companheiros de Vincenzo Nibali no pódio.
Num dia glorioso para a França, que 30 anos depois volta a ter dois franceses no pódio final, o alemão da Omega Pharma-Quickstep conquistou a segunda etapa na 101.ª edição e a quarta na Volta a França.
“Fiquei bastante satisfeito, porque o percurso tinha troços duros, mas a última parte era para as minhas características. Estou muito satisfeito com o meu desempenho hoje. Claro que a vitória de hoje foi mais expectável que a minha primeira. Essa foi uma grande surpresa. Para mim também foi uma surpresa, foi uma etapa diferente”, resumiu o três vezes campeão mundial da especialidade.
Sentado em frente a um ecrã, o alemão uma das figuras mais queridas e respeitadas do pelotão internacional, esperou pacientemente que 52 ciclistas cumprissem os 54 quilómetros entre Bergerac e Périgueux, só para confirmar o que já toda a gente sabia antes do arranque do primeiro a partir: que seria ele o vencedor da 20.ª etapa.
Vencedor dos cronos de 2013 e 2011 (em 2012, desistiu do Tour), o ciclista da Omega Pharma-Quickstep, que partiu seis minutos à frente do espanhol Joaquim Rodriguez (Katusha), terceiro no ano passado, e acabou mais de nove minutos à sua frente, depois de o dobrar na estrada, deixou o mais direto adversário, o francês Tom Dumoulin (Giant-Shimano), a 01.39 minutos.
Com uma impressionante média de 48,8 km/h, Martin, o melhor em todos os pontos intermédios, cumpriu o percurso em 1:06.21 horas, somou a sua segunda etapa nesta Volta a França e fechou da melhor maneira uma edição em que foi um dos grandes protagonistas, quer pela presença em várias fugas e o trabalho para o polaco Michal Kwiatoskwi, uma das grandes desilusões.
Afastado da luta pela geral, assistiu placidamente às alternâncias no “top 10”: viu Tejay Van Garderen, que perdeu as chances de estar no pódio na subida para Port de Bàles, dobrar Bauke Mollema (Blekin), um dos desastres do dia, viu Jean-Christophe Péraud furar e o seu companheiro da AG2R Romain Bardet seguir-lhe o exemplo e Thibaut Pinot (FDJ) queixar-se repetidamente que o seu rádio não funcionava e, como tal, não conseguia saber qual a margem que ainda dispunha para o seu maior rival, que acabou por ultrapassá-lo na geral.
O alemão assistiu também à derrocada de Alejandro Valverde, o espanhol da Movistar que apostou na defesa para estar entre os três primeiros, nunca atacou (salvo a descer) e foi duramente punido pela falta de iniciativa ao longo das 19 etapas anteriores, ficando novamente arredado de um pódio ao qual nunca subiu.
Para Vincenzo Nibali (Astana), que no domingo se tornará apenas no segundo italiano a vencer o Tour em 48 anos e o primeiro desde Marco Pantani em 1998, o “crono” foi um proforma, que ainda assim concluiu no quarto lugar.
Quem também andou entre os melhores foi Nelson Oliveira (Lampre-Merida). O português, que esteve grande parte da jornada entre os dez primeiros, acabou na 17.ª posição, a 03.30 minutos de Martin.
No domingo, a 21.ª etapa fecha a Volta a França, com os donos das camisolas, nomeadamente Nibali (amarela), o polaco da Tinkoff-Saxo Rafal Majka (da montanha), Pinot (da juventude) e o eslovaco da Cannondale Peter Sagan (da regularidade), a terem 137,5 quilómetros para fazerem a festa até Paris.
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