A 74.ª edição da Volta a Portugal em bicicleta é já reino da Efapel-Glassdrive, que hoje, pelo terceiro dia consecutivo, viu um dos seus ciclistas ganhar, desta vez Sérgio Ribeiro, que consolidou o estatuto de mais vitorioso da prova.
Em Oliveira de Azeméis, o triunfo de “Serginho”, ciclista em prova com mais triunfos (cinco) na maior corrida velocipédica lusa, reforçou o “mito” de que é preciso ser amigo de Rui Sousa, ou o próprio, para ganhar etapas na Volta a Portugal.
«Estou satisfeito com esta Volta, porque além de eu ter ganho, ganhou o meu companheiro de treino [César Fonte] e o meu companheiro de quarto», disse o veterano Rui Sousa, agora dono da camisola azul (montanha), numa conferência para a que não foi convidado, mas na qual resolveu aparecer:
«Gostei tanto disto que ouvi dizer que era aqui e entrei.»
A descontração espelhada nas respostas às perguntas dos Efapel denotou o que as palavras de Ribeiro confirmaram:
«[Os três triunfos consecutivos] são um sinal de que é uma boa equipa, é um sinal de que estamos a remar todos no mesmo sentido.»
A quinta etapa, que ligou Armamar a Oliveira de Azeméis, na distância de 176,9 quilómetros, foi atípica. Esperava-se que as tentativas de fuga se multiplicassem, mas ninguém apostaria que uma delas fosse composta por um elenco de luxo.
Entre os 12 elementos que se juntaram ao quilómetro 65, depois de várias tentativas falhadas, estavam o camisola amarela Hugo Sabido, os dois últimos portugueses a vencerem a Volta, Ricardo Mestre (2011) e Nuno Ribeiro (2003), o duplo vencedor da camisola da regularidade Sérgio Ribeiro, e um duo da Onda, João Cabreira e José Gonçalves.
Foi a surpresa de uma etapa que se antevia calma para os homens da geral. Mas a Volta não para e nenhum dos favoritos está disposto a dar o mínimo de margem de manobra aos seus adversários (Mestre, de orgulho ferido, atacou, Sabido seguiu na roda), nem que, para isso, tenham de gastar mais energias do que aquilo que estavam a contar num dia em que nada se decide.
A normalidade foi retomada apenas 40 quilómetros depois, quando o pelotão, curiosamente comandado pela Carmim-Prio de Mestre e pela Efapel-Glassdrive de Nuno e Sérgio, absorveu os “tubarões” e deixou na frente os inofensivos Cyril Bessy (Saur Sojasun) e David Belda (Burgos BH-Castilla e Leon), aos quais se juntou, posteriormente, vindo de trás, Jonathan Clarke (UnitedHealthcare).
Cabreira, que na Senhora da Graça enterrou o papel de candidato, mostrou que agora o seu plano é outro e, ao lado de Mikel Bizkarra (Orbea Continental), foi em busca dos líderes momentâneos que, na primeira passagem na meta, ainda tinham perto de dois minutos de vantagem para o principal grupo.
Na perseguição, a LA-Antarte de Sabido encontrou o apoio da MTN Kubeka, do primeiro líder Reinardt Van Rensburg, e as duas mantiveram debaixo de olho os cinco homens que a menos de três quilómetros da meta viram a sua esperança frustrada.
Quando tudo se decidia, José Gonçalves (Onda) saiu em frente numa curva enquanto seguia na cabeça e, em simultâneo, mas um pouco mais atrás, uma queda envolveu vários corredores, entre os quais Nelson Vitorino, quarto classificado da Volta2011, provocando confusão no lançamento do sprint. Atento,
Sérgio Ribeiro, dono da camisola dos pontos nas últimas duas edições, só teve tempo de reagir ao ataque demasiado precoce de Van Rensburg.
«Ele saiu muito cedo e obrigou-me a arrancar cedo de mais. Cheguei a pensar que não conseguia porque via a meta cada vez mais longe, mas com a vantagem que tinha pude aguentar», disse o vencedor da etapa, que cortou a meta com o tempo de 4:37.40 horas, o mesmo que foi atribuído aos azarados do dia.
Esta terça-feira, Hugo Sabido, que foi terceiro, bonificou e aumentou a vantagem para os mais diretos adversários, volta a sair de amarelo para a estrada, na 6.ª etapa, que liga Aveiro a Viseu, na distância de 184,1 quilómetros, e que é o último esforço antes do dia de descanso.
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