Rui Costa foi hoje capaz de encontrar a combinação perfeita entre resistência, inteligência e frieza para tornar-se no primeiro ciclista português a sagrar-se campeão do Mundo.
O português da Movistar manteve-se com os mais fortes na subida final e, numa corrida de trás para a frente, colou-se a Joaquim Rodriguez, que seguia isolado, e, lado a lado com ele, cumpriu os últimos metros dos 272,26 quilómetros da prova de fundo dos Mundiais de Florença, até “sprintar” para cruzar a meta em primeiro lugar e deixar o espanhol em lágrimas.
E se Rodriguez chorou ainda na estrada, já depois de, ao ser apanhado, ter dirigido palavras impercetíveis ao português, Costa chorou no pódio nos últimos acordes do hino português, que corou a primeira camisola arco-íris a ser usada por um corredor nacional.
A corrida do poveiro foi perfeita: enquanto o pelotão ia sendo substancialmente reduzido pelas quedas e pela chuva (Chris Froome, vencedor do Tour2013, foi um dos principais desistentes do dia), Costa ia seguindo tranquilamente na roda do ainda campeão do Mundo, Philippe Gilbert, beneficiando do trabalho da seleção da Bélgica.
Com as principais decisões a ficarem reservadas para os últimos vinte quilómetros, o vencedor de três etapas do Tour, duas na edição de 2012, respondeu ao ataque de Vincenzo Nibali, que levou consigo Rodriguez, na subida de Via Salviati, e foi, juntamente com o espanhol Alejandro Valverde e o colombiano Rigoberto Uran, que enfrentou a última descida.
Uran saiu em frente numa curva, mesmo em frente ao português, que viu assim aumentar as suas hipóteses de medalha. Já em plano, Valverde tentou destacar-se, mas faltaram-lhe as pernas, que “Purito” parecia ainda ter.
No último quilómetro, Rodriguez ainda seguia isolado, com Costa no seu encalço, naquele que parecia um esforço infrutífero, mas que teve sucesso quando o português alcançou o homem da frente, deixando o espanhol completamente desconcentrado.
Virado para trás, a falar com o luso, o veterano catalão perdeu a calma e viu como Costa “sprintava” para conquistar o arco-íris dos seus sonhos.
Com o português no lugar mais alto do pódio em Florença, os dois outros degraus foram ocupados por espanhóis, com Rodriguez a não esconder as lágrimas e Valverde a revelar toda a desilusão.
No quarto posto ficou o italiano Vincenzo Nibali, o homem que espoletou os ataques e que, a correr em casa, foi o grande derrotado.
Tiago Machado, que até à subida final seguia com os homens da frente, foi 36.º, a 02.01 minutos do compatriota, que cruzou a meta em 7:25,43 horas.
«A minha prova é o menos importante. Éramos três portugueses a lutar contra as grandes potências e fomos nós os vencedores. O Rui provou mais uma vez que é um grande corredor. Estou muito feliz e orgulhoso de ter feito parte desta equipa», disse o ciclista da RadioShack.
(Notícia atualizada às 20h35)
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