A realização do 41º mundial de hóquei em patins, de 20 a 28 de setembro em Luanda e Namibe, pode alavancar a modalidade em Angola, a julgar pelos pronunciamentos de responsáveis provinciais, inclusive de localidades sem tradição na prática, afirmou à Angop, em Luanda, o treinador António Gaspar.
Em entrevista a Angop propósito do evento inédito em África, o técnico português lembrou serem os governadores os primeiros a acreditar nos ganhos com a realização do campeonato do mundo, que irá potenciar as respetivas províncias.
«Espero que sejam eles (governadores) a promover esta massificação e desenvolvimento localmente, claro que com o suporte das associações e da Federação Angolana de Patinagem», frisou.
O técnico e coordenador da modalidade no clube 1º de Agosto apontou ainda como ganhos a melhoria das infraestruturas com a construção de dois pavilhões para o mundial em Luanda (12 mil espectadores) e Namibe (três mil) e outro em Malanje (três mil) para o torneio “José Eduardo dos Santos”, além da reabilitação de recintos nas províncias sedes.
Outro benefício é a oportunidade de Angola mostrar mais uma vez à África e ao mundo a sua capacidade organizativa, depois de ter albergado os campeonatos africanos de basquetebol, de andebol e de futebol, este último em 2010 nas cidades de Luanda, Benguela, Lubango e Cabinda.
Para António Gaspar, o Mundial de hóquei abrirá igualmente caminhos para outras modalidades também se candidatarem à organização de outros eventos mundiais, citando como exemplo a possibilidade do basquetebol em sub-18 e o andebol feminino.
Em termos desportivos, o maior ganho esperado e o mais importante na ótica do técnico é que a seleção comece a ocupar um lugar de topo no lote das 16 melhores seleções do mundo, introduzindo-se no lote das quatro primeiras, fato que pode causar motivação suplementar à juventude.
Se tal acontecer, o profissional de educação física alerta para a necessidade do feito ser acompanhado de iniciativas como o aumento de recintos, das horas de treinos, do número de jogos e maior mobilização da juventude, aproveitando as pausas escolares e fazer-se estágios de supervisionamento técnico-pedagógico e resolvendo os problemas de enquadramento familiar porque nem sempre os pais permitem que os filhos adiram ao desporto.
António Gaspar referiu ser muito importante que se faça uma mobilização sustentada de forma que depois do mundial se possa ter as pessoas mobilizadas naturalmente para o hóquei em patins, reiterando que tal passa pelo aumento da competição interna, jogos, festivais para que na altura do mundial, sobretudo os jovens, se desloquem aos pavilhões, não por mero cumprimento de agenda, mas porque sabem algo sobre a modalidade.
«O pior que pode acontecer é que depois do mundial se continue a ter os campos vazios», disse, acrescentando que uma das maneiras de evitar tal situação é realizar jogos durante os dias de semana, contrariamente ao fim-de-semana, onde as atenções recaem para o Girabola e campeonato nacional de basquetebol.
Para ele não é só um plano ou uma ação que irá resolver aquela situação e sim um conjunto, tornando-se importante não esquecer que em 2015 e 2017 haverá outros mundiais e que há coisas que têm que ser ganhas agora e mantidas para haver uma sequência.
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