José Manuel Constantino criticou hoje a pretensão de o Comité Olímpico Internacional (COI) de criar uns Jogos Olímpicos de esports, temendo que, “a prazo, seja um golpe muito doloroso para o desporto tal qual como o conhecemos”.
“Eu acho que há um conjunto de decisões recentes que, no futuro, não ajudarão a reforçar aquilo que é o modelo tradicional de desporto. A possibilidade da entrada dos jogos eletrónicos no contexto das competições olímpicas é uma péssima decisão”, defendeu o presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), em declarações à agência Lusa.
José Manuel Constantino respondia a uma questão sobre as decisões recentes do COI, nomeadamente a de aceitar a entrada de críquete, squash, basebol/softbol, lacrosse e flag-football (uma variante do futebol americano) nos Jogos Olímpicos Los Angeles2028, e a de ponderar uma ‘incursão’ nos videojogos para atrair público mais jovem.
No sábado, o COI anunciou estar a “estudar a criação de uns Jogos Olímpicos de esports”, tendo formado uma comissão específica para avaliar a viabilidade de incluir videojogos de competição na ‘família’ olímpica.
“Não está em causa o direito a existirem competições no âmbito dos desportos eletrónicos, mas trazer essas competições para o seio do desporto é alterar de forma significativa o ‘ethos’ em que o desporto foi criado e, sobretudo, os fundamentos de natureza educativa e formativa que lhe estão associados. Receio que, a prazo, seja um golpe muito doloroso para o desporto tal qual como o conhecemos”, estimou hoje o presidente do COP.
Constantino falou à Lusa à margem da corrida de São Sebastião do torneio de freguesias de Rio Maior, na qual a marchadora Inês Henriques terminou a carreira de alta competição.
“Eu felicito a Inês por aquilo que conseguiu para o desporto nacional, o prestígio e a dimensão que lhe trouxe, designadamente na disciplina da sua especialidade, mas felicito-a também pela circunstância de ter sido capaz de definir o momento em que esta parte da sua vida terminava”, salientou o máximo dirigente desportivo nacional.
Inês Henriques colocou hoje um ponto final em mais de 30 anos de carreira, nos quais participou em três Jogos Olímpicos, somou quatro presenças no ‘top-10’ em Mundiais e conquistou os títulos de campeã do mundo dos 50 quilómetros marcha, em Londres2017, selado com novo recorde na distância, e da Europa, em Munique2018.
“Imagino a dificuldade e a dor que sentiu [ao decidir retirar-se], mas isso revela também uma mulher consciente e responsável, que pretende honrar aquilo que fez e respeitar o seu futuro”, notou o presidente do COP, enaltecendo “a excelente pessoa” que a agora ex-marchadora de 43 anos é.
A atleta do Clube de Natação de Rio Maior despediu-se com uma subida ao pódio ‘em casa’, ao vencer a corrida de 5,4 quilómetros da sua freguesia natal em 25.16 minutos.
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