Simone Biles concedeu uma entrevista à 'New York Magazine' onde voltou a falar dos problemas mentais que o impediram de brilhar nos Jogos Olímpicos de Tóquio2021. A ginasta norte-americana confessou que foi muito difícil gerir a falta de noção do tempo e espaço no ar, quando fazia os seus exercícios.
"A minha perspetiva nunca mudou tão rapidamente, de querer estar num pódio para querer poder ir para casa sozinha e sem muletas. Se eu ainda tivesse noção no ar e tivesse sido apenas um dia mau, teria continuado, mas foi mais do que isso. Imaginem que até aos 30 anos conseguiam ver perfeitamente e um dia acordam e não conseguem ver nada. As pessoas dizem-te para continuares a fazer o teu trabalho como se ainda tivesses visão. Sentir-te-ias perdido, não é? Fiz ginástica durante 18 anos, mas um dia acordei perdida. Como devo continuar?, questionou.
Depois de anos e anos a dominar todos os movimentos, inclusive as que criou, Biles deixou de poder controlar o seu corpo de ter o mapa mental do chão.
Ao 'New York Magazine', confessou que "deveria ter desistido muito antes de Tóquio".
Simone Biles foi uma das ginastas norte-americanas que sofreram abusos por parte de Larry Nassar, antigo médico da seleção de ginástica dos Estados Unidos. A ginasta não sabe como será daqui para a frente.
"Quando Larry Nassar estava na imprensa, era demais. Mas eu não queria deixar que ele me tirasse tudo aquilo para o qual trabalhei desde os seis anos. Não iria deixar que ele me tirasse essa alegria, então fui além do que podia durante o tempo que a minha mente e o meu corpo permitiram. [...] Provavelmente será algo em que terei de trabalhar durante 20 anos. Só quero que um médico me diga quando estiver curada. Como quando somos operados e nos dão alta. Por que motivo ninguém me diz que em seis meses tudo vai acabar?", perguntou.
Vários nomes de topo dos Estados Unidos, entre as quais a quádrupla campeã olímpica de ginástica Simone Biles, vieram a público denunciar terem sido vítimas de abusos sexuais por parte de Larry Nassar.
Nassar, de 54 anos, que, em dezembro de 2017, foi condenado a 60 anos de prisão por posse de pornografia infantil, declarou-se culpado das agressões sexuais de que é acusado.
Durante a sessão em que foi proferida a sentença, Nassar confessou ter ficado “abalado” com os relatos das vítimas, e disse que “não há palavras” para descrever o quão arrependido está pelos crimes cometidos.
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