Foram quatro anos de distância que o separaram do último ATP conquistado a nova glória no torneio de Pune na Índia no último fim de semana.

Na 11.ª final em torneios desta categoria, João Sousa voltou a cimentar o estatuto de melhor tenista português de sempre, com a obtenção do quarto torneio ATP. Mas há mais, mostrou que é possível dar a volta às adversidades, depois de dois anos muitos difíceis a nível desportivo e em que foi prejudicado por inúmeras limitações físicas. Na final, Sousa n.º 137 do ranking derrotou Emil Ruusuvuori, pelos parciais de 7-6(9), 4-6, 6-1, conquistando o quarto torneio ATP da carreira.

Foram as cinco vitórias que lhe permitiram almejar o troféu, depois de em 2021 só por uma vez ter ultrapassado uma ronda num quadro principal de um torneio ATP. Para curar a dor física e psicológica teve que baixar a fasquia e passar a disputar com regularidade torneios Challenger. A última vitória do vimaranense aconteceu no ano passado em Miami, onde o português, na primeira ronda, superou em três sets Christopher O´Connell..

Só a resiliência e o novo fôlego do vimaranense, aos 32 anos, permitiu vencer um dos tenistas promissores do circuito, como é o caso de Ruusuvuori, 10 anos mais novo que o luso, levando de vencida uma batalha de duas horas e quarenta e quatro. O momento da partida acabou por ser a reação a uma situação desvantajosa, onde se viu a perder por 5-2 no primeiro set, levando depois a melhor no tie-break, onde até teve que salvar um set point.

"Tive uma grande semana, disse Sousa depois da conquista do título. "Como referi, tive vivi momentos complicados nos últimos dois anos e chegar aqui ao título é um sonho concretizado. Se me perguntassem se há seis meses eu poderia estar numa final, eu diria que não", disse, num misto de alegria e emoção.

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As palavras de João Sousa têm a sua razão de ser. O período pós-pandemia trouxe consigo nuvens negras de tempestade - fratura no pé esquerdo, tendinite no antebraço direito e uma infeção por COVID-19, condicionaram o regresso do português à elite. Para que voltasse a dar significado a seu 'nome de guerra', O Conquistador, seria preciso 'voltar a escalar o Evereste'.

Mas o caminho da recuperação faz-se de forma lenta e são inúmeras as pedras no caminho. "Foram momentos complicados, de muitas dúvidas, de muita frustração, de muitos momentos de choro, impotência e noites sem dormir à procura da solução, de onde estava a falhar como treinador ao não conseguir ajudar o João a estar ao seu melhor nível", reconheceu Frederico Marques, treinador de João Sousa, citado pelo Raquetc.

O técnico deixou uma mensagem de agradecimento ao tenista. "Gostava de aproveitar a oportunidade para agradecer ao João toda a confiança que depositou em mim mesmo quando os resultados não estavam a ser os desejados. (...) Mas esteve sempre do meu lado e nunca duvidou do meu trabalho. (...) Hoje acabámos por ver o sol, mas conscientes de que mais tempestades se avizinham e de que este é só mais um momento bonito", acrescentou.

Com a vitória no torneio de Pune, João Sousa voltou a integrar, um ano e meio depois o 'top-100' do ranking mundial, depois de vencer o finlandês Emil Ruusuvuori. O jogador vimaranense ascendeu do lugar 137.º do ranking mundial, à posição à 86.ª posição da tabela.

“Estou muito feliz por voltar ao ‘top 100’. Só percebi depois que tinha voltado ao ‘top 100’, o Frederico [Marques, treinador] disse-me, e claro que estou muito contente por estar de volta à elite do ténis mundial”, confessou o minhoto em declarações à Lusa.

Após os triunfos em Kuala Lumpur (2013), Valência (2015) e no Estoril Open (2018), o ATP 250 de Pune é o quarto troféu da carreira.