Em declarações à Lusa, Jorge Bacelar Gouveia reconheceu "uma grande boa notícia" nas estatísticas da criminalidade em Portugal, ao notar que "houve apenas um aumento de 0,9%" nos crimes participados, mas assinalou as "pequenas más notícias" expostas no documento aprovado na quarta-feira na reunião do Conselho Superior de Segurança Interna.

"As pequenas más noticias eram já anunciadas. A questão da radicalização jiadista já era conhecida e é preciso continuar numa politica de prevenção com a segurança. E o aumento da criminalidade de 'gangs' também era anunciado, porque o Estado deixou de investir na segurança de proximidade", afirmou o professor catedrático e advogado, sem deixar de sinalizar um "quadro geral de um país com baixas taxas de criminalidade".

Além da criminalidade grupal - que aumentou 7,7% no ano passado e representa para o secretário-geral do SSI, Paulo Vizeu Pinheiro, "motivo de preocupação" -, Bacelar Gouveia chamou ainda a atenção para a evolução dos números da violência doméstica e da delinquência juvenil, bem como a subida do número de acidentes rodoviários e de feridos graves.

Na sequência do RASI, o OSCOT salientou as orientações estratégicas para 2022, em particular "o foco na prevenção da violência contra as mulheres e o reforço do policiamento de proximidade, no âmbito da segurança urbana, incluindo a celebração de novos contratos locais de segurança e uma melhor articulação com os Conselhos Municipais de Segurança para a definição das políticas públicas que visam a prevenção da violência e da criminalidade nas cidades".

O RASI foi divulgado na quarta-feira, revelando um aumento da criminalidade participada de 0,9% em 2021 face ao ano anterior e uma diminuição de 6,9% da criminalidade violenta e grave. Roubo a bancos, criminalidade grupal, delinquência juvenil, furto de catalisadores e violação foram, porém, alguns dos crimes que mais aumentaram em 2021.

O documento foi aprovado na reunião do Conselho Superior de Segurança Interna, presidida pelo primeiro-ministro, António Costa, e entregue na Assembleia da República.

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