O projeto prevê a implementação do sistema de transporte público BRT ('Bus Rapid Transit', da sigla em inglês), que são autocarros de rápido trânsito, avançou o governante durante o lançamento da iniciativa em Maputo.

"O sistema BRT, implementado com sucesso em mais de 300 cidades no mundo, prevê faixas exclusivas para autocarros de transporte público, sendo uma alternativa acessível e rápida para resolver muitos dos nossos problemas de transporte", referiu o ministro dos Transportes e Comunicações.

Segundo Mateus Magala, a fraca "malha viária e baixa conectividade, a deficiente coordenação institucional, a informalização dos operadores e o financiamento insustentável" estão entre as principais causas dos problemas dos transportes em Moçambique.

"O projeto 'Move Maputo' visa responder a esses desafios", referiu Mateus Magala, acrescentando que o sistema BRT vai descongestionar o tráfego rodoviário, reduzir o tempo de viagem e o nível de poluição ambiental, além de aumentar a segurança rodoviária.

O sistema BRT será inicialmente implementado em dois corredores, Baixa-Magoanine e Zimpeto-Matola Gare, beneficiando mais de 124 mil passageiros, referiu o ministro.

Magala avançou que os bairros abrangidos pelo sistema terão "estradas de acesso mais seguras e resilientes, iluminação pública melhorada, ciclovias, estradas asfaltadas e sistemas de drenagem das águas". 

O projeto, financiado pelo Banco Mundial em 250 milhões de dólares (226 milhões de euros), prevê faixas exclusivas para autocarros públicos e também a possibilidade de aquisição de 120 autocarros, acrescentou Magala.

O Governo moçambicano espera que até julho de 2026 o sistema esteja "totalmente operacional e capaz de oferecer serviços de qualidade".

A área metropolitana de Maputo, com cerca de três milhões de habitantes, cobre o distrito de Marracuene e os municípios de Maputo, Matola e Boane, concentrando "mais de 70% do parque automóvel de todo o país", segundo dados avançados pelo ministro dos Transportes moçambicano.

O setor de transportes em Moçambique constitui um dos mais deficitários ao nível dos serviços públicos no país, principalmente o transporte rodoviário, onde a crise de meios desencadeou o recurso a veículos de caixa aberta, jocosamente conhecidos por "my love", dada a proximidade física com que os passageiros viajam na caixa de carga de mercadorias e a necessidade de, por vezes, se abraçarem para não caírem à estrada.

A situação tende a agravar-se devido à escalada dos preços dos combustíveis, com paralisações constantes do transporte de passageiros em várias cidades moçambicanas, em sinal de protesto pela falta de aumento das tarifas de viagem, que são reguladas, devido ao silêncio das autoridades em relação à exigência dos operadores para o aumento do preço.

 

LYN (EYAC) // LFS

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