Para este jogo, as ideias de Jorge Jesus tinham várias intenções. A chamada de Fejsa objetivava estabilizar a zona intermédia, anular o jogo aéreo e dar maior flexibilidade atacante ao inteligente e oportuno Matic. Ao conceber a dupla missão a Enzo, para atuar alternadamente nos dois corredores, no central nas ações atacantes e no lateral nas defensivas. Colocar Markovic na periferia de Lima visava a obtenção de golos. Ao libertar Gaitan aguardava por um golpe de génio.
De boas intenções está o futebol cheio, só que por vezes resultam. Ninguém estava à espera que de um momento para o outro o Benfica apresentasse um coletivo deslumbrante. Nem Jesus, o qual foi gerindo a equipa circunstancialmente e de forma inteligente durante o percurso do jogo.
A primeira parte foi equilibrada, mas mal jogada. Os belgas, pouco esclarecidos, defendiam com tudo e o Benfica, desligado, não penetrava na defesa do Anderlecht. Por isso, os melhores momentos foram proporcionados individualmente pelo virtuosismo de Gaitan, Enzo e pela perspicácia de Matic. Jogadas para golo? Só de bola parada.
A ligação defesa-ataque perdia-se pela precipitação dos passes e pela pouca esclarecida mobilidade de Markovic e, sobretudo, de Lima. No Benfica as ausências de sincronismo entre as várias duplas de pontas de lança ainda não estão estudadas nem assimiladas. Mas a classe individual, a intuição e a mestria de Gaitan, de Enzo e Matic estiveram presentes e resultaram em golos.
Na situação de vencedor e perante a pressão dos belgas, Jesus tinha duas opções: ou jogava o jogo pelo jogo para manter em sentido os belgas, controlando-os com uma organizada e evoluída circulação de bola na procura do golo da tranquilidade, ou recuava para segurar a vitória, idealizando marcar o golo da tranquilidade num lance de contra-ataque. Contudo, expondo-se ao assédio do Anderlecht sofreu o golo do empate.
Jesus correu um risco premeditado e felizmente para ele ainda foi a tempo de o retificar. E fê-lo de imediato, ao colocar Rodrigo e Cavaleiro, dois jogadores com caraterísticas especificas para jogar no contragolpe. Jesus tem vindo a dizer que o futebol do Benfica são as suas ideias. Ontem, estrategicamente resultaram em pleno. Quando Jesus afirmou convicto - «O momento do jogo é quando tomo a opção de ir à procura da vitória e não defender o empate que nos dava a Liga Europa» - tinha razões para o dizer.
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