A chegada de Ruben Amorim a Manchester foi recebida com alguma euforia por parte dos seus adeptos mas ainda com algumas desconfiança por parte dos mais diversos comentadores desportivos, seja pela opção estrutural em que monta as suas equipas, seja pelo bom momento de forma anterior da equipa com Van Nistelrooy no comando técnico.
Tal como quando chega ao Sporting CP, Ruben Amorim apanha uma equipa ainda muito desorganizada, com jogadores que não encaixam na forma como pretende jogar, para além de apresentar estatutos demasiado vincados no plantel. A vantagem é que, tal como no Sporting CP, terá à partida o tempo necessário para mostrar aos adeptos o porquê de ter sido campeão por duas vezes em Portugal, para além de não somar qualquer derrota no campeonato nesta época.
Se existisse uma casa de apostas que oferecesse 'odds' para adivinhar o primeiro 11 inicial de Ruben Amorim, certamente a mesma ganharia muito dinheiro porque não me acredito que alguma pessoa ponderasse neste 11 titular. As primeiras impressões que ficam é que Amorim vai continuar com o seu sistema tático predileto (o 3-4-3), com uma linha defensiva constituída por 5 jogadores, 2 meio-campistas e jogadores mais avançados.
Em termos ofensivos, a equipa procura construir a 3, apostando no central do meio a servir como um médio em fase de construção. Alas projetados, falsos extremos (Bruno Fernandes e Garnacho) a aparecem regularmente nos halfspaces e Rashford a procurar movimentos de rotura. Falta perceber o espaço de Rashford, Hojlund e Zirkzee neste modelo de jogo. Do lado esquerdo do ataque, Garnacho e Diogo Dalot tentaram momentaneamente trocar de posições, com diferentes jogadores a oferecerem largura e jogo interior. Apesar disso, as soluções ofensivas parecem ser ainda muito curtas, consequência do curto espaço de tempo de treino e em consequência de uma forte pressão do Ipswich. Pelo lado contrário, presenciamos algo notório: a quantidade de jogadores presente dentro de área em situações de finalização.
Já a nível defensivo foi onde a equipa de Ruben Amorim apresentou sérias dificuldades. Rashford e Garnacho muito complacentes em bloco médio e baixo, com pouca entreajuda com a equipa. A pouca ajuda dos extremos obriga (ainda mais) a um grande raio de ação dos médios centro, sendo responsáveis por ajudar muitas vezes os seus laterais/alas em organização defensiva, caindo no corredor lateral, algo que Casemiro e Erikson claramente também não oferecem, sendo habilitados noutros pontos. A reação à perda, um aspeto muito valorizado pelo treinador português, também está muito longe de ser a desejada, para além de uma evidente falta de agressividade.
Amorim ainda está a jogar um jogo sem os intervenientes desejados, ainda teve muito pouco tempo de treino e certamente que demorará a implementar um futebol parecido ao que praticou em Portugal, mas mostrou aquilo que afirmou: uma ideia. Apenas é uma ideia que ainda precisa de ser trabalhada para ser uma boa ideia.
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