As expetativas de boas exibições e de bons resultados estão dependentes das várias vertentes exigíveis aos profissionais de futebol. É importante que os jogadores abordem o jogo com atitude, com entrega, com dedicação, com agressividade, com inteligência. Que imponham um ritmo veloz, que interpretem corretamente as ações táticas e que exibam a sua classe durante os noventa minutos. Claro que a aplicação destes itens também depende do valor e do desempenho do adversário.
Antes deste encontro escrevi que os resultados dos anteriores jogos não interessavam muito. O que me preocupava era o presente. Esta ideia visava a vitória no jogo de hoje o que abria hipoteticamente a possibilidade de ficarmos em primeiro no grupo F. Mas infelizmente este jogo evidenciou a crise qualitativa e o mau momento por que passa a Seleção há uns tempos a esta parte. Não passava pela cabeça do mais pessimista que empataríamos frente a um Israel de terceira linha. Aliás a Rússia goleou em Israel por 4-0.
O golo madrugador e a forma como inicialmente Portugal dominou o jogo auguravam uma vitória robusta. Mas ao invés de acelerarmos, de pressionarmos e desenvolvermos um futebol acutilante de forma a elevarmos o marcador, não. Veio o deixa andar, face ao pensamento de que os israelitas não jogam nada e os golos surgirão com naturalidade. O trabalho de preparação mental para que funcione terá de ser mais exigente.
Portugal empatou porque fez um péssimo jogo. Alguns jogadores encararam este encontro sem atitude, sem a entrega total que se exige a profissionais. Jogaram sem agressividade, sem clarividência tática, faltou-lhes inteligência na finalização. O que lhes sobrou em lentidão faltou-lhes em velocidade.
Frente ao Equador a defesa cometeu três erros inadmissíveis. Os erros são para retificar. Mas infelizmente hoje voltaram a acontecer. Todos os golos de Israel foram facilitados dada a negligência de posicionamento e de abordagem para tentar evitar os golos.
No primeiro golo, os centrais estavam mal colocados deram espaço e ainda por cima não pressionaram Memet. No segundo, um mau alívio de Fábio Coentrão entregou a bola a um israelita que isolou Bassat, e os centrais saíram no fora de jogo, mas ficou João Pereira. No terceiro a abordagem incorreta de Bruno Alves e de Rui Patrício facilitaram a vida a Gershon.
Depois das entradas de Vieirinha e de Carlos Martins a Seleção foi mais esclarecida, empurrou o débil adversário para o meio campo e criou várias oportunidades perante as fraquezas do opositor. A entrada de Hugo Almeida mais complicou a vida aos de Israel e foi numa sua intervenção que empatamos por Coentrão.
É verdade que criamos muitas oportunidades, mas era o que só faltava, se tal não acontecesse perante aquela frágil seleção. O que não se admite é que se falhem tantos golos e se voltem a consentir golos infantis. Pese o mérito de execução dos marcadores.
Outras causas de não termos feito um bom jogo foi a quase ausência de quem sempre se espera muito. Cristiano passou ao lado, fez o passe para o golo de Postiga e pouco mais. João Moutinho sem ritmo e sem confiança não pode ser o dinâmico organizador, as suas ideias fazem falta à nossa Seleção. Talvez por estes motivos, coletivamente a equipa deixou imenso a desejar. Por isso não ganhamos para o susto, nem ganhamos o jogo. Terça-feira no Afeganistão temos de nos redimir: jogando bem e vencendo o jogo.
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