O futebol é um jogo. E como qualquer jogo está dependente de vários fatores. Neste caso depende da inteligência dos treinadores na escolha de uma estratégia adequada, da interpretação e execução técnica - tática dos jogadores, da eficácia, dos erros e virtudes individuais -, e ,obviamente, da sorte.

Ontem, no Estádio da Luz, todas essas ações aconteceram. O treinador Sascha Lewandowski repetiu a sólida estrutura tática que apresentou na Alemanha. Porém, desta vez o futebol envolvente, rápido, prático, simples e agradável foi ainda muito mais acutilante e perigoso. Resultado: durante uma hora o Leverkusen superou o Benfica.

Nesse período o Benfica não encontrou antídoto para travar e superar o excelente futebol dos germânicos. Porque se a ideia de Jesus era jogar no contra-ataque teria de recorrer a jogadores mais rápidos e mais esclarecidos do que Carlos Martins e Cardozo.

Também a colocação de Ola John na direita não resultou, como se viu o holandês rende muito mais na outra ala. Gaitán na esquerda falhou taticamente ao nunca acompanhar Carvajal. O meio-campo, sem a colaboração defensiva de um Carlos Martins adinâmico, ficava em inferioridade. Só Matic e Enzo eram insuficientes para travarem os seus homólogos. Por tudo isto, o Benfica durante 60 minutos não funcionou.

Só na última meia hora o Benfica equilibrou o jogo. Após Jesus substituir os inadaptados Carlos Martins e Cardozo, ineficazes na integração da estratégia. A partir deste momento, tudo mudou, o verdadeiro Benfica finalmente apareceu nesta parte final e proporcionou um ótimo e emotivo espetáculo de futebol.

Se alguns jogadores estiveram longe de uma razoável interpretação, outros repetiram os ensaios na perfeição. Artur fez um papelão; André Almeida realizou um jogão; Luisão e Garay, seguríssimos; Matic continua a ser a charneira desmultiplicadora; Ola John, «seja bem-vindo ao seu habitat»; Salvio e Lima introduziram a velocidade que faltava para o Benfica criar e finalizar lances de contra-ataque.

As virtudes individuais superaram os erros de casting. A eficácia falhou por caprichosa direção e esbarrou nas enormes defesas de Artur e de duas de Leno. A sorte beneficiou o Benfica em dois lances que a concretizarem-se poderiam afastar o Benfica da Liga Europa? Felizmente para o Benfica que os remates teimosamente embateram no mesmo poste. Continuar nas competições europeias é bom para o Benfica, para o Porto, para o futebol português, para quem não é faccioso e deseja que as equipas nacionais brilhem na Europa.