O passado de Jorge Jesus na Liga dos Campeões não é famoso e o técnico sabe disso. Até podemos afirmar que apesar da Liga dos Campeões ser o palco de todos os sonhos, Jorge Jesus em diversas situações, quando teve de escolher entre jogos internos e a Liga dos Campeões, esta acabou quase sempre por ser relegada para segundo plano sem a concordância dos dirigentes encarnados.
E honra seja feita ao treinador português pela capacidade de ter motivado atletas de renome mundial ‘apenas’ com as competições internas como aconteceu na época anterior. Mas hoje, frente aos russos do CSKA, a história tem de ser necessariamente diferente. Os dirigentes do Sporting sabem e assumem de viva voz a importância financeira que a passagem à fase de grupos assume para o clube sportinguista. Uma questão de patrocínio para as camisolas, a necessidade de vender alguns atletas essenciais e real montra europeia.
Como é que Jorge Jesus viverá estes momentos? Jesus é um treinador muito experiente e competente a nível interno. Falhou quase sempre nas competições europeias, apesar de ter conquistado uma Taça Intertoto e ter ido a duas finais da UEFA. Mas face ao investimento realizado em algumas épocas no seu anterior clube, apenas uma vez conseguiu gerir bem a relação entre as competições internas e externas, conquistando o título nacional e sendo finalista. Jorge Jesus sabe que, para lá do enorme balão de oxigénio que já trazia, tinha uma margem considerável de manobra para os seus primeiros momentos da época. E decidiu apostar nos resultados imediatos e conseguiu-o. Uma vitória no troféu da Supertaça, que mais do que a conquista do troféu, foi a vitória sobre o eterno rival e de um modo que não deixou grandes dúvidas da superioridade.
Mas a passagem à fase de grupos é o outro momento da ‘verdade’ que Jorge Jesus tem de enfrentar neste seu início da aventura leonina. E o modo como o vai gerir é uma incógnita. O treinador, apesar da sua experiência em jogos europeus, não é um perito. Não é possível entrar nos jogos mentais ou nas provocações. Os russos não estão para isso e trazem uma vantagem mental de vencerem em todo o campo das estatísticas. Jorge Jesus sabe que pode fomentar ainda mais o fosso da sua ‘incompetência’ internacional e isso deveria, ou poderia, preocupá-lo!
Sem juízos de valor, a questão para os responsáveis sportinguistas e para o treinador português é esta: é bem mais essencial para o clube e Presidente a passagem à fase de grupos do que para o treinador português. Este conviverá muito melhor com a folga competitiva e de menor intensidade que os jogos da Liga Europa lhe darão do que os jogos da Liga dos Campeões. E aqui é que está o cerne da questão: será que Jorge Jesus investe menos na preparação dos jogos europeus por ‘incapacidade’ ou conscientemente?
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