Título brasileiro conquistado com três jornadas de antecedência, e no mesmo fim de semana da épica conquista da Taça Libertadores. Maior campanha da história da competição nacional, com 87 pontos e 80 golos marcados, isso faltando ainda mais duas jornadas para o cair do pano. Este é o Flamengo versão Jorge Jesus, uma autêntica máquina que tritura os adversários no Brasileirão, e que nesta 36ª jornada passou por cima do Palmeiras por 1-3, e na casa alviverde, em São Paulo, com golos do uruguaio Arrascaeta e do inevitável Gabigol, que com os dois golos no Allianz Parque chegou aos 24, isolando-se como melhor marcador do campeonato, e provavelmente a repetir o feito da época passada, ao serviço do Santos.
Para termos mais dimensão ainda do que esta equipa de Jesus está a jogar na segunda volta do Brasileirão’2019, com a vitória deste domingo, o Flamengo abriu impressionantes 19 pontos para o vice-líder Santos e o Palmeiras, em terceiro. Uma diferença para os demais que nem o Paris Saint-Germain fez em França, ou o Bayern de Munique, em seus melhores anos, impôs na Alemanha. Este Flamengo com a insígnia JJ merece palmas.
Este Brasileirão’2019 marca também uma redenção de um personagem que quase morreu pelas drogas e pelo tráfico. Michael, avançado do Goiás, é a grande revelação da competição, com nove golos marcados na liga nacional, e 16 golos no ano, o melhor da sua carreira, e destacando-se como um dos principais avançados do futebol brasileiro atual, e que dificilmente permanecerá na equipa da região central do país. Michael, de 23 anos, foi dependente químico e fez questão de não esconder sua triste história de vida em entrevistas. Apareceu para o futebol em equipas quase amadoras do estado de Goiás, e há dois anos mudou-se para a principal equipa da região, tendo explodido em 2019. Com um honroso décimo lugar na tabela de classificação, o Goiás está a fazer um campeonato acima das expectativas, tendo Michael sido de longe a principal figura da equipa verde.
Já o lado negativo desde campeonato, além de pobres exibições de equipas histórias como Botafogo e Vasco da Gama no Brasileirão, foi a péssima conduta do agora treinador Argel, que após uma heroica vitória com o CSA sobre o Cruzeiro, em Belo Horizonte, por 0-1, na passada quinta-feira, subitamente demitiu-se da equipa alagoana e buscou emprego no Ceará, que havia despedido seu então treinador, Adilson Batista. Isto com apenas três jornadas para o fim do campeonato. Tanto CSA quanto Ceará estão na zona agonizante da tabela, a lutar contra o rebaixamento.
Argel, antigo defesa-central que primava pela força em detrimento da técnica, com passagens sem brilho pelo FC Porto (10 jogos na época 1999/2000) e razoáveis exibições pelo Benfica entre 2001 e 2005, soma em dez anos de carreira como treinador, inacreditáveis 22 equipas no currículo, e com mais de uma passagem por clubes como Caxias, Figueirense e Criciúma. A fazer um bom trabalho no CSA, equipa de orçamento bastante reduzido, mas que venceu neste Brasileirão em palcos importantes, como o Maracanã, e deu trabalho a equipas como o Flamengo, Argel simplesmente atirou todo seu trabalho ao lixo, e sem remorsos abandonou o clube na hora mais imprópria. Uma importante reflexão sobre como os profissionais ligados ao futebol comportam-se. Argel dificilmente terá vida longa no Ceará, assim como não teve em nenhuma das outras 22 equipas diferentes que já treinou. Ele especializou-se em ser um treinador ‘tapa-buracos’, e parece que não se incomoda com este rótulo, o que diz bastante sobre sua carreira à beira dos relvados.
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