3 jogos, 2 vitórias e 1 empate. 10 golos marcados e 4 golos sofridos. Este é o registo do Marselha de Roberto de Zerbi até ao momento. Depois do trabalho no Brighton, o treinador italiano chega ao clube de França com enorme expetativa. Expetativa correspondida.

De Zerbi continua a se destacar pela sua fase de construção. Domina os jogos com bola, sendo raros os momentos em que a sua equipa se apresenta em momentos de organização defensiva em último terço defensivo. 2-4-4 em pontapé de baliza e 3-2-5 em fase de construção mais adiantada (também denominada de segunda fase de construção).

Pontapé de baliza:

Ideia clara de atração do adversário com o objetivo de criar espaço entre linhas para ser aproveitado por um dos avançados. Médios abrem para dar linha de passe limpa ao guarda-redes, de modo a colocar no seu avançado. O problema deste pontapé de baliza é que atualmente não tem criado grande perigo porque a jogada não se desenrola por falta de opção de passe em apoio para o avançado que recebe a bola de costas para o jogo (mais facilmente interceptado ou desarmado pelo adversário).

Segunda fase de construção:

A equipa desdobra-se. Uma linha inicial de 3 jogadores, com pouca largura (de modo a manter o equilíbrio), dois médios de ligação (geralmente foco de maior atenção adversária) e 5 jogadores mais avançados no terreno de jogo. Dois em largura máxima para obrigar a linha defensiva adversária a criar mais espaço entre jogadores, dois jogadores nos halfspaces (espaço entre lateral e central) no espaço entre linhas e um ponta-de-lança a fixar os defesas centrais adversários.

Existe uma procura constante pelas costas da linha defensiva adversária, porém facilmente anulada pelo adversário, uma vez que o mesmo já se encontra muito baixo no terreno de jogo quando a equipa de Marselha procura este tipo de comportamentos. Acredito que ideia passe por arrastar a linha defensiva adversária para criar mais espaço entre linhas ou para criar incerteza na organização defensiva adversária para não criar conforto na mesma.

O controlo do jogo com bola origina invariavelmente muitas oportunidades de golo que resultam nos 10 golos marcados em apenas 3 jogos. 10 golos que escondem um dos evidentes problemas desta equipa: a finalização. Com esta deficiente finalização, os 10 golos efetuados são consequência evidente do trabalho de Roberto de Zerbi pela capacidade com que ofereceu à equipa de criar inúmeras oportunidades.

Já em organização defensiva, a equipa parece estar longe da eficiência do Brighton em momento de pressão alta. Apesar de continuarem a recuperar alguma vezes a posse de bola, também são muitas vezes onde não a conseguem recuperar. Os jogadores estão mais próximos entre si, mas demoram muito tempo a chegar ao portador da bola, deixando-os com espaço para pensar e decidir. Certamente que este é um aspeto que o treinador italiano pretenderá melhorar. Já nos raros momentos em que a sua equipa se organiza defensivamente em bloco médio ou baixo, a mesma se organiza em 4-4-2, com especial preocupação em conseguir anular os médios da equipa adversária.

Os momentos de transição ofensiva são de maior liberdade e vivem muito da criatividade dos seus jogadores e a transição defensiva destaca-se pela reação à perda da sua equipa que, apesar de ser agressiva, está longe dos níveis apresentados em Brighton.

Já nas bolas paradas, destaco os cantos defensivos onde coloca apenas 4 homens a defender à zona (3 perto do 1° poste mais 1 à entrada da área), sendo que os restantes fazem uma marcação homem-a-homem. Vai ser curioso observar esta organização frente a adversários que estudam bem estes momentos de jogo, com jogadores mais fortes individualmente no ar. Destaque para um golo sofrido a partir de pontapé de canto frente ao Reims numa "segunda bola".

Não abordamos individualidades, mas a ressalva tem de ir para Greenwood que está a atingir todo o seu potencial nas mãos de Roberto de Zerbi. A época ainda está a começar, o plantel acabou de se formar e as ideias do treinador italiano já são visíveis. PSG está num outro nível competitivo, porém a competição para atingir uma qualificação para a Liga dos Campeões é elevada: Lyon, Mónaco, Nice, Brest, Lille...

Aconselho que assistam este Marselha. Vale a pena.