O treinador sportinguista tem-se esforçado para duas coisas quando comunica para fora. A primeira é libertar um pouco da pressão que vai recaindo sobre o seu plantel fruto da excelente época e tentar ao máximo adiar a colagem a todos os níveis como candidatos ao título. Como? Explicando como se definem objetivos e o que isso representa a médio-longo prazo. Mas nem internamente a mensagem pega. Mais do que os adeptos sportinguistas acreditarem cada vez mais que são candidatos, o maior problema será a expetativa que está a ser criada dentro do próprio clube. E Leonardo Jardim não deveria estar preocupado com isso. Tarefa que caberia a Bruno de Carvalho.
Leonardo Jardim é ponderado e muito analítico na forma de comunicar. É claramente alguém que tem o dom de motivar e incluir. E com isso comprometer. Independentemente do que vier a acontecer para a frente, o técnico sportinguista criou uma identidade na sua equipa e a capacidade de estar em primeiro lugar já com mais de um terço de campeonato decorrido.
Jorge Jesus veio comprovar o que tinha escrito sobre ele na crónica passada. ‘I, me and myself’. A forma como abordou a substituição do jogador Rodrigo em Bruxelas veio reforçar ainda mais a visão centralizadora e dirigista que assume. Para lá das dificuldades comunicacionais que tem para fora do balneário, é menos ponderado que Leonardo Jardim. Muito espontâneo, que até poderia ser uma vantagem dado ser bastante genuíno, mas infelizmente para a estrutura benfiquista, é um mau comunicador. Um problema que poderia ser menor, desde que tivesse mais cuidado na forma e no conteúdo. Estranhamente, na 5ª época no clube, a estrutura diretiva tem tido dificuldades em retificar isso.
Paulo Fonseca, ao contrário dos outros dois treinadores que têm tido mérito na forma como comunicam internamente, tem sentido dificuldades em ambos os contextos. Desde cedo, perante a sempre exigente massa adepta portista, não conseguiu convencer. Os resultados, mais que as exibições, foram adiando o maior descontentamento relativamente à forma de estar e comunicar do treinador do Porto. Falta-lhe ritmo. Falta-lhe acreditar, ser mais assertivo, justificar-se menos. Falta-lhe a chama! Vítor Pereira teve o mesmo problema na primeira época, mas com o tempo e com as melhores exibições, ganhou autoconfiança e o seu discurso tornou-se mais agressivo.
Faltam 19 jornadas. Para o Benfica e Porto ainda há a Taça de Portugal e Europa. Na Taça da Liga haverá um Sporting-Porto. O clube de Alvalade na frente quando haverá em breve um Benfica-Porto. Muita coisa para a acontecer. Leonardo Jardim está mais seguro de acordo com o discurso que o próprio gere muito bem. Jorge Jesus vai estando e não estando. Até que ponto não será benéfico para ele e para o clube?, fica ‘obrigatoriamente’ mais retraído. Paulo Fonseca está num grande imbróglio. O que diz e como o diz não serve. Como mudar rapidamente e na direção certa?
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