Ao sofrer um golo logo aos dez minutos de jogo, o FC Porto não ganhou para o susto. Sobretudo para Pinto da Costa, que ontem comemorava mil jogos como presidente. Quando Licá marcou o golo, Pinto da Costa deve ter recordado os tempos em que o Estoril era o “algoz” dos Dragões nos jogos na Amoreira. Nesse momento deve ter desabafado: «Já vi este filme de terror várias vezes, tirem-mo da frente».
O Estoril é uma equipa com limitações e o seu jovem e promissor técnico sabe que não pode encarar o FC Porto como agora se diz “olhos nos olhos”. Então colocou a equipa a jogar num 4x2x3x1. Esta estratégia na teoria visava: defender, reduzir espaços ao campeão, aproveitar o contra-ataque e aproveitar um ou outro lance de bola parada.
As eventualidades num jogo de futebol são imensas e contraditórias. Não interessa se uma equipa domina a outra, se a bola bate nos ferros, se marcam ou não marcam grandes penalidades, se teve mais posse de bola, mais remates, mais oportunidades para marcar... O que interessa são os golos. O Estoril aproveitou o mau posicionamento defensivo num canto e marcou. Pela sua estatura, João Moutinho é uma escolha errada, ao ser colocado no poste mais próximo para anular os cantos.
O FC Porto sentiu o golo. O Estoril galvanizou-se, cada vez que saía em contra-ataque realçava a ansiedade e nervosismo dos azuis e brancos. Por sua vez o FC Porto tinha mais bola, mas o seu futebol era pastoso, percetível por falta de rapidez e sem a ligação adequada entre os setores. O jogo era espraiado para os corredores laterais, para cruzamentos que foram quase todos intercetados. Moutinho era o único médio que pensava a distribuição de jogo. Fernando recuado, próximo dos centrais? Porquê e para quê? Lucho limitou-se a fazer circular a bola, mas não teve os habituais passes de “morte”. James não infletiu e nos corredores, já se sabe, rende menos.
Na segunda parte, o FC Porto apresentou-se muito diferente. Mais rápido, mais incisivo, mais ligado, mais perigoso e acutilante. Por vários motivos. Fernando avançou, apareceu mais no jogo e criou muitas jogadas de ataque. Varela e Jackson imprimiram uma velocidade que esfrangalhou a defesa do Estoril. O colombiano, muito ativo e mais rápido do que o habitual, deu a marcar, marcou e teve mais três oportunidades flagrantes. Excelente.
A equipa foi mais uniforme, mais coesa. Marco Silva disse que a sua equipa «no futuro vai saber gerir melhor o jogo e que na fase final da partida obrigou o FC Porto a meter mais um central». Tem razão quando fala em alguma inexperiência dos seus jogadores. Mas a gestão do jogo depende da forma como a equipa mantém a bola e da capacidade para recuperá-la. Neste binómio, o FC Porto na segunda parte foi muito mais forte e muito superior em todas as vertentes: física, técnica, tática e na capacidade volitiva. Nos 45 minutos finais o FC Porto realizou a melhor exibição da época.
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