No futebol, geralmente, quando não se ganha e não se apresenta o espectáculo esperado e desejado põe-se tudo em causa. Neste período, quer FC Porto quer o Benfica atravessam uma inesperada fase irregular. Na realidade, o futebol colectivo apresentado não corresponde à qualidade individual dos jogadores, nem reflecte a competência dos dois treinadores que no passado recente realizaram excelentes trabalhos.
O futebol é de facto um jogo muito complexo, mas a complexidade apresenta-se quando a bola não entra, quando se erram golos “feitos”, quando o esférico bate nos ferros, ou os avançados têm excelente oposição dos guarda-redes. E quando os resultados não são os esperados há ainda a desculpa da influência de más decisões de arbitragem e outros lances imprevistos.
Porém, a estas equipas exige-se uma híper-organização, a qual tenha como base várias soluções para superar as habituais estratégias defensivas que as equipas com menos recursos económicos e humanos apresentam constantemente. Nesta época, quer o FC Porto quer o Benfica parece que ainda não criaram os respectivos manuais para ultrapassar essas defesas compactas. Mas eles existem!
A equipa técnica do Benfica deveria ter preparado a rigor o jogo com o Arouca dado que Pedro Emanuel já no campeonato passado tinha apresentado semelhante táctica, quando treinava a Académica. Aliás, no final do jogo chegou mesmo a afirmar que a sua equipa se havia «organizado defensivamente» de forma a sair bem com rapidez, frisando que, «para além do golo na primeira parte», o Arouca teve «mais duas oportunidades».
Já Raul José disse após o final do jogo que «o Arouca foi uma equipa que defendeu bem» e que foi difícil ao Benfica «circular e chegar a zonas de finalização». O adjunto de Jesus ao dizer isto, veio confirmar que as soluções são as que há, as do costume, as quais por si só, são por vezes insuficientes para ultrapassar as dificuldades. Portanto, não admira que os encarnados encontrem incontornáveis obstáculos perante defesas coesas. Na Luz, já aconteceu no empate com o Belenenses e nos restantes jogos que venceu tangencialmente.
É óbvio que nas equipas onde militam os melhores jogadores, face a esta conservadora rotina táctica e estratégica, a qualidade dos intérpretes faça a diferença. A ausência de Matic, Cardozo e Sálvio, baixa o nível de qualidade do futebol das águias, em que este voa mais baixo porque lhe falta o organizador Matic, o finalizador Cardozo, e o criativo e inteligente estratega Sálvio. A vantagem do Benfica é que estes jogadores por agora ainda estão no clube. Já o Porto ao perder Moutinho e James Rodriguez só lhe resta reforçar-se em Janeiro. Mas uma estrutura bem planeada, é como um puzzle onde todas as peças, encaixam na precisão.
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