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Pedro Gomes analisa o triunfo do Benfica na Luz e o empate do Porto no Dragão.
Ontem escrevi “Duas goleadas, ou alguma surpresa?". Na Luz a surpresa do resultado esteve quase a suceder. Dado que o Braga defendeu bem, teve boas saídas para o ataque e criou mais e melhores oportunidades do que o Benfica. Mais tarde, no Dragão, aconteceu mesmo o inesperado, o surpreendente empate, mas pelo futebol que o Porto praticou, a goleada esteve ali tão perto. Gottardi e a ineficaz finalização do Porto estiveram na origem do empate.
As restantes surpresas foram: a inadequada atuação do Benfica, que voltou à irregularidade. Pois vinha de dois bons jogos que indiciavam uma contínua melhoria. É óbvio que a equipa bracarense foi rigorosa e interpretou perfeitamente o plano idealizado por Jesualdo Ferreira. O Braga fechou os caminhos para a baliza de Eduardo e saiu sempre intencionalmente nas jogadas de ataque rápido. Ontem realizou a melhor e mais equilibrada da era Jesualdo e merecia pelo menos o empate.
Claro que a oposição é o barómetro das atuações. O mérito do Braga está ligado ao demérito do Benfica. A ausência de Jesus no banco é colmatada via telemóvel. Já a falta do decisivo Cardozo não foi preenchida e a sua ausência contribuiu para o descalabro atacante das águias.
Mas o Benfica não pode depender só do goleador, dado que tem mais cinco pontas de lança. Só que Lima e Rodrigo são uma sombra comparados com a época anterior. Djuricic ainda não apresentou atributos para ser titular. Marcovic atua pelas alas, mas rende muito mais no corredor central. Cavaleiro é outro jogador que também tem características para jogar na zona central.
Mas a maior surpresa é o Benfica sem Cardozo não encontrar soluções para penetrar nas defesas bem estruturadas. Também a falta de uma envolvência de uma panóplia de jogadas preparadas e treinadas entre o quarteto atacante para baralhar e ludibriar as defesas contrárias. Essa lacuna é fácil de resolver, só é preciso imaginar, ter ideias, criar, inovar e executar. Não é assim tão difícil, acreditem. Ontem, coletivamente, o Benfica raramente construiu uma jogada atacante. Aliás o excelente golo de Matic partiu de uma iniciativa individual.
O Porto fez uma primeira parte de bom nível, na linha das boas exibições anteriores. Porém falhou imensas oportunidades para marcar, por deficiente finalização e muito por mérito de Gottardi, o qual esteve quase imbatível. Claro que a desorganização defensiva do Nacional no primeiro tempo permitia tudo. Os médios alas quase nunca acompanharam os avanços de Danilo e de Alex Sandro. O meio campo não pressionava e a velocidade do trio atacante nunca foi aproveitada.
Na segunda parte o Porto baixou de ritmo e as substituições... já a pensar na Liga dos Campeões? Não resultaram. Quer a de Varela, quer a de Josué deixaram Jackson sem munições. A saída de Herrera (fez a sua melhor exibição) deveria ser colmatada com a entrada de Defour, para manter o equilíbrio do meio campo. Manuel Machado substituiu melhor e com superioridade no setor intermédio o Nacional elaborou nessa zona correctos lances de contra ataque e sem surpresa chegou ao empate.
O Benfica aproximou-se dos campeões. Logo o Sporting vai fazer tudo para vencer, e caso conquiste os três pontos, também se cola aos dragões. Desta forma o campeonato será muito mais disputado e competitivo. O Braga, apesar da boa exibição, esta época parece estar calhado a regressar às classificações do antigamente.
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