Fredy Guarin deixou o futebol em 2021, após o fim do seu contrato com os colombianos do Millonarios. O antigo médio internacional pela Colômbia destacou-se na Europa no FC Porto, de onde partiu para o Inter Milão.
Numa entrevista ao programa 'Los Informantes' da Radio Caracol, da Colômbia, o antigo jogador detalhou os seus problemas com o álcool, a depressão que sofreu durante a pandemia de COVID-19 e a tentativa falhada de suicídio, quando estava no Vasco da Gama, do Brasil.
Guarin falou da sua carreira, que passou por Colômbia (seleção, Atlético Huila e Envigado), Portugal (FC Porto), Argentina (Boca Juniors), Brasil (Vasco da Gama), Itália (Inter Milão), França (Saint-Ettiènne) e China (Shanghai Shenhua).
O antigo médio centro explicou que o vício do álcool começou quando ingressou no Inter Milão e agravou quando se mudou para o Brasil.
Ainda na entrevista à Radio Caracol, da Colômbia, Guarin agradeceu a ajuda dos amigos do futebol que lhe deram a mão nos momentos mais difíceis, como Juan Fernando Quintero, seu antigo colega no FC Porto e na Seleção colombiana, e também James Rodriguez, com quem jogou nos azuis e brancos. James emprestou-lhe a sua casa em Antioquia, Colômbia.
Hoje, com 38 anos, Guarin tenta recuperar-se do vício do álcool, numa clínica de reabilitação em Envigado. Há seis meses sem beber, passa os dias a cuidar de cavalos, enquanto recupera. Em 2025, será embaixador nos Estados Unidos América, numa campanha de saúde mental de atletas.
Carreira no FC Porto: "Foi uma boa experiência porque, depois de mim, chegou o Falcao e depois o James, portanto éramos três colombianos no FC Porto."
Álcool e os treinos: "Conseguia gerir muito bem, embebedava-me dois dias antes do jogo e funcionava. Ganhávamos, eu marcava um ou dois golos. Trabalhava mais do que quando não bebia."
Início do vício: "Comecei a ganhar fama em Itália. Bebia em casa, na discoteca, no restaurante. Já tinha a minha família e isso foi o mais difícil, sabia o que estava a fazer mal, tanto em termos de trabalho como de responsabilidades familiares. Perdi o objetivo de ter uma casa, o objetivo do futebol, senti que não havia limites."
Passagem pela China: "Na China sabia realmente o que era o álcool, desde o primeiro dia em que cheguei degenerei alcoolicamente. Levantava-me para ir treinar e depois do treino, álcool. Descansava um pouco, treinava e bebia e era assim todos os dias. Não tinha noção do dinheiro, ganhava muito dinheiro, o dinheiro nem sequer entrava na minha conta lá, mandava-o todo para a Europa, vivia dos prémios e vivia uma vida de luxo. Vivi à custa dos prémios e vivi uma vida de luxo, fiz festas, iates, aviões, dei dinheiro."
Passagem pelo Vasco da Gama: "Foram seis meses que me fizeram sentir o homem mais feliz do mundo."
Tentativa de suicídio durante pandemia, em isolamento no Rio de Janeiro: "Vivia num 17.º andar e desliguei-me da vida, a minha reação foi atirar-me [da janela]. Havia uma rede na varanda, saltei e ela trouxe-me de volta. Não tinha consciência do que estava a fazer, não sei o que aconteceu. Sabia que numa bebedeira ia morrer. Era a morte ou a prisão. Bebia 50, 60, 70 cervejas por noite. Foram dias pesados, estive bêbedo durante 10 dias, adormecia de cansaço e acordava com uma cerveja ao meu lado."
Depressão na pandemia: "A pandemia chegou, não tinha treinos, não tinha grupo, não tinha futebol e não tinha medo. Ia para a favela e ficava com qualquer rapariga. Abandonei-me completamente, fui procurar o perigo. Eu queria adrenalina, ia para ver armas, movimento. Não medi o risco".
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