Um jogador profissional de eSports de Hearthstone foi banido pela Blizzard, a editora do jogo, durante 12 meses, devido à sua voz de suporte aos protestos de Hong-Kong, durante uma entrevista de rescaldo de uma partida. Chung Ng Wai, conhecido profissionalmente como Blitzchung, tinha acabado de vencer o torneio Hearthstone Grandmasters e viu confiscado pela empresa a sua fatia do prize pool.
Durante a entrevista para o canal oficial de Hearthstone no Taiwan, o jogador profissional surgiu com uma máscara de gás, levantando-a gritando “Libertem Hong-Kong, revolução para a nossa idade” em mandarim. A Blizzard refere que as declarações do jovem ofenderam um grupo da assistência, além de ter feito danos à imagem da Blizzard, avança o Business Insider. Todas as imagens e vídeos relacionados com as declarações foram apagadas dos canais oficiais da Blizzard.
Mesmo os dois casters de serviço que entrevistaram o jogador vão deixar também de trabalhar com a Blizzard no futuro, refere a empresa, mesmo que estes tenham “olhado para baixo, tentando distanciar-se das afirmações do jogador”.
Ao fazer as declarações, o jovem jogador sabia que poderia se meter em “sarilhos”, mesmo em perigo, referindo que “a minha declaração na stream foi uma outra forma de participar nos protestos, pois queria chamar mais atenção. Investi tanto nestes movimentos sociais nos últimos meses que muitas vezes nem me consegui focar para me preparar para o Grandmaster”.
A publicação refere a posição da Blizzard como em conflito de interesses e apanhada na guerra comercial entre os Estados Unidos e China. Apesar de ser uma empresa americana, baseada em Irvine, na Califórnia, esta tem investimento de capitais chineses, nomeadamente a Tencent, igualmente detentora de cerca de 40% da Epic Games de Fortnite. Neste caso, apesar do discurso do jogador ser protegido pela Primeira Emenda da constituição americana, que dá direito à liberdade de expressão; problemas com a China podem significar um bloqueio a um dos mais rentáveis mercados do mundo, com um peso acentuado nas operações da Blizzard. Para além de Hearthstone, a editora tem Starcraft II, Heroes of the Storm, Diablo III e World of Warcraft no seu catálogo, a maioria com forte incidência nos eSports.
A Blizzard não refere que o castigo ao jogador tenha sido influenciado pela ligação à empresa chinesa, mas afirmou à publicação que o jovem violou as regras da competição, nomeadamente a realização de actos que levem ao descrédito do público, ofendam uma porção do respetivo grupo, ou que de alguma forma afete a imagem da empresa.
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