O português Ivo Campos, treinador do Interclube de Angola, considerou acertada a anulação do campeonato angolano de futebol, devido à covid-19, afirmando que a medida "protege a integridade, saúde dos atletas e dos demais intervenientes do Girabola".
"Foi uma decisão acertada e em boa hora os clubes tomaram esta posição, que, no fundo, era já a mais previsível à luz das propostas da FAF (Federação Angolana de Futebol) e essa era também a nossa expectativa na sequência do interregno da prova", afirmou hoje em declarações à Lusa.
Para o treinador do Interclube, equipa afeta ao Ministério do Interior angolano, a "proteção da saúde dos atletas e de todos constitui uma necessidade indispensável", por isso, notou, a "medida foi a mais acertada".
Os clubes angolanos decidiram na quinta-feira, por unanimidade, anular o campeonato angolano de futebol, interrompido em março devido a pandemia da covid-19, sobretudo para "salvaguardar a saúde e gastos avultados com atletas cujos contratos expiram em maio".
A decisão dos quinze clubes que militam no Girabola foi apresentada durante uma reunião com a Federação Angolana de Futebol que analisou a interrupção da competição após a disputada a 25.ª jornada.
O porta-voz dos clubes no encontro, Tomás Faria, afirmou que as cautelas em torno da pandemia e a questão dos contratos dos atletas, cuja maioria expira em maio, constituíram as principais razões para a anulação da competição.
Segundo o treinador do Interclube, oitavo classificado com 31 pontos, a anulação da prova também "acautela a situação contratual dos atletas", uma vez que a maioria está em fim de contrato, e os salários porque "muitas equipas estão com dificuldades financeiras".
Com um contrato de trabalho válido até 2021, Ivo Campos recordou que o novo coronavírus tem igualmente reflexos negativos nas equipas do Girabola, sobretudo no domínio financeiro, apontando o mês de setembro como possível período para o regresso da prova.
"Este foi igualmente o horizonte apontando nesta reunião, mas tudo dependerá do evoluir da pandemia e não podemos correr riscos enquanto a situação não estiver controlada", notou.
O campeonato angolano de futebol, liderado pelo Petro de Luanda com 54 pontos, menos três que o 1.º de Agosto, tetracampeão em título na segunda posição, foi suspenso em março na sequência do decreto sobre o estado de emergência.
Na reunião de quinta-feira, os clubes decidiram ainda que o Petro e o 1.º de Agosto deverão ser as equipas que vão representar Angola na Liga dos Clubes Campeões Africanos, enquanto entre o Sagrada Esperança, Interclube e Bravos do Maquis sairão os dois representes do país para a Taça da Confederação.
Ivo Campos considera, por outro lado, que apesar das limitações financeiras impostas pelo contexto, a Taça da Confederação, também conhecida como Taça Nelson Mandela, seria uma boa montra para os atletas do Interclube, o nome e a marca do clube.
Angola entra hoje para o sétimo dia a segunda prorrogação do estado de emergência, que se estende até 10 de maio.
O país conta já com 27 casos confirmados de covid-19, entre os quais 18 casos ativos, dois óbitos e sete recuperados.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 230 mil mortos e infetou quase 3,2 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Cerca de 908 mil doentes foram considerados curados.
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