Muito trabalho e resiliência foram os principais conselhos que árbitros e antigos árbitros internacionais de futebol e futsal deixaram hoje aos jovens que integram o 23.º Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF).
“É uma exigência e disciplina imensas. Vão passar por muitas dificuldades, mas que vão conseguir gerir”, começou por sublinhar Eduardo Coelho, árbitro internacional de futsal que conta com quatro Mundiais na carreira, durante a conferência “No topo do Mundo”, que integrou o encontro nacional e que juntou mais de uma centena de jovens em Óbidos.
A ideia foi corroborada pelo colega de profissão Cristiano Santos, que recordou ter estudado com Ricardinho e, mais tarde, ter apitado jogos do internacional português, eleito melhor jogador do mundo por seis vezes.
“Quando estive do vosso lado, era tudo um sonho, mas é possível. Se não desistirem, podem chegar lá, uma vez que há espaço para nós e o jogo é também dos árbitros”, asseverou o 'juiz' luso, que também apitou na última edição do Campeonato do Mundo.
A ideia mereceu a concordância de Vanessa Gomes, que recentemente foi árbitra assistente na final do último Campeonato do Mundo feminino de sub-20, disputado na Colômbia.
“Os dias que chovem, os fins de semana em família... Temos de abdicar de algumas coisas, mas acreditem, tudo é possível”, aconselhou, considerando que ainda não atingiu o “topo” e que a arbitragem é cada vez mais “inclusiva”.
A conferência reuniu ilustres figuras da arbitragem nacional e motivou questões dos jovens árbitros.
Artur Soares Dias, antigo árbitro internacional de futebol, que encerrou a carreira recentemente, esteve presente com a sua antiga equipa, e ressalvou a importância de haver “adversários”, mas não “inimigos”.
“Sejam adversários, mas não sejam inimigos entre vocês, uma vez que ter adversários não é mau, é uma oportunidade de melhoria. Nunca sejam inimigos entre vocês”, aconselhou, frisando também a palavra “resiliência”, que deve ser colocada “no espelho de casa” e que o levou, entre outros marcos na carreira, a apitar nos Jogos Olímpicos Tóquio2020.
Além disso, o antigo 'juiz' destacou também a ideia de que é “fundamental estar bem acompanhado”, algo que foi confirmado pelos antigos colegas de equipa de arbitragem.
“Ninguém consegue nada sozinho e, quando comecei, os melhores árbitros deram-me a oportunidade de trabalhar com eles”, evidenciou Paulo Soares, antes de Pedro Ribeiro relembrar que “são momentos únicos” e que os mais jovens “não devem desistir”.
“O meu desafio para esta época é ter o mesmo empenho e atitude do último Campeonato da Europa e da última final da Liga Conferência para os jogos que tenho pela frente na minha carreira”, justificou ainda.
Durante o fim de semana, mais de uma centena de jovens árbitros, entre os 14 e os 18 anos e provenientes de vários pontos do país, assistiram a palestras, formações, treinos físicos e técnicos e momentos de avaliação.
Todavia, um dos momentos altos do evento foi o lançamento, no sábado, da primeira pedra da Academia da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol, que vai nascer junto ao relvado sintético do Estádio Municipal de Óbidos, concelho do distrito de Leiria, numa obra orçada em 1,4 milhões de euros e cujo início poderá acontecer ainda este ano.
“Trata-se de um projeto que pode revolucionar a arbitragem em Portugal no que diz respeito à base. Podemos ter uma excelente alavanca para aumentar o número de árbitros e qualificá-los cada vez mais e melhor”, enfatizou à Lusa o presidente da APAF, Luciano Gonçalves, mostrando-se também bastante satisfeito com a maior edição de sempre do encontro nacional promovido pela APAF.
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