Os impactos financeiros e operacionais causados pela pandemia de COVID-19 na indústria do futebol poderão perdurar até 2024, segundo um estudo lançado pela plataforma World Football Summit (WFS) e pela empresa SPSG Consulting.
Convidados a avaliar os danos provocados pelo novo coronavírus numa escala de 1 a 7, 27 representantes de clubes, ligas e entidades do setor estimaram em 6,74 os riscos associados aos últimos meses de 2020, que antecederão uma fase de transição em 2021 (5,26) e 2022 (3,21), seguida de uma desaceleração lenta em 2023 (1,95) e 2024 (1,47).
Os grupos de interesse mais afetados pela COVID-19 serão os eventos desportivos (6,58), os estádios (6,16), os clubes (6,05), as ligas (5,79) e as cidades que acolhem as principais competições (5,68), em contraste com os profissionais de medicina (3,32), advocacia (3,47) e nutrição do desporto (3,68), redes sociais (3,47) e empresas de tecnologia (4,16).
O estudo “COVID-19: Implicações na indústria do futebol” prevê uma recuperação mais duradoura na Europa (6,00), que sucedeu à China (5,05) como centro da pandemia em fevereiro, além da América Latina (5,63) e da América do Norte (5,53), regiões de um continente que lidera há três meses consecutivos as estatísticas de infeções e mortes.
Parte desses impactos devem-se ao adiamento do Euro2020 e da Copa América 2020, que permitiram a conclusão à porta fechada das provas continentais e da maioria dos campeonatos nacionais, embora num cenário desolador para as vendas de bilheteira, ‘merchandising’, pacotes de hospitalidade e outras atividades dentro e fora dos recintos.
“Se o desporto não consegue lotar estádios e perde público físico, o patrocínio pode eventualmente não ser tão atraente para as empresas. Além disso, as marcas também podem ter de ajustar os seus orçamentos de marketing em conformidade, encerrando negócios antes do programado ou cortando investimentos de patrocínio”, alerta a WFS.
Perante uma crise de duração incerta, agudizada pela ausência de uma vacina que favoreça o regresso de público aos estádios, o resgaste dos valores acordados pelas transmissões televisivas servem para manter o negócio do futebol à tona e amortizar perdas, enquanto se buscam estratégias em prol de fluxos de receita alternativos.
A escala de prejuízos engloba ainda os prémios de participação nas provas atribuídos aos clubes, cujas dificuldades económicas se refletirão nos valores recebidos e praticados nas transferências de jogadores, num mercado em contraciclo face aos últimos anos, distinguido pela desvalorização de salários e comissões dos agentes.
Novas oportunidades de negócio serão acalentadas por uma reforçada presença digital, aproveitando videojogos e múltiplas potencialidades da Internet experimentadas durante o confinamento, que impulsionaram a interatividade dos futebolistas, alavancaram o comércio eletrónico e fidelizaram vínculos personalizados com os adeptos.
“As capacidades tecnológicas permitirão às organizações inovar para enfrentar a crise, aumentando a segurança nos estádios, melhorando a experiência do adepto no local e encontrando novos fluxos de receita não tradicionais, para que a indústria do futebol se possa desenvolver, gerar valor agregado e monetizar”, concluem os especialistas.
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