A ex-mulher de Diego Maradona e um médico questionaram na terça-feira em tribunal a decisão de levar para casa o antigo futebolista argentino, que morreu em 2020 após uma cirurgia, em vez de o internar.

Em causa está o julgamento de sete profissionais médicos acusados de negligência na morte, aos 60 anos, do antigo futebolista que levou a Argentina ao título mundial em 1986, enquanto estava internado em casa, nos arredores de Buenos Aires.

Veronica Ojeda, ex-companheira e mãe de um dos seus filhos, disse que Maradona, nos últimos meses de vida, que terminou em 20 de novembro de 2020, com uma crise cardiorrespiratória por edema pulmonar, foi “como que raptado” por parte da sua equipa.

“[Maradona] Devia ter ido para uma clínica de reabilitação [após a operação]. Um lugar mais protegido para ele”, defendeu em tribunal o médico Mario Alejandro Schiter, que tratou do ex-futebolista argentino durante duas décadas.

O clínico que acompanhou Maradona “no pior momento da sua vida”, nomeadamente “na luta contra o seu vício em drogas”, disse ainda que, “conhecendo o paciente, não teria sugerido hospitalização domiciliária, uma vez que ele não foi fácil de lidar”.

“Mentiram a todos nós, a toda a família, é uma vergonha”, disse Veronica Ojeda, que foi casada com Maradona de 2005 a 2014, referindo-se aos conselhos médicos para tirar o ex-futebolista do hospital e prosseguir a recuperação em casa.

No seu depoimento, Verónica Ojeda teve palavras muito duras sobre o ambiente médico na residência privada em Tigre (norte de Buenos Aires), onde Maradona estava a recuperar de uma neurocirurgia para tratar um hematoma na cabeça.

Segundo a acusação, os sete profissionais acusados no caso de negligência — um neurocirurgião, um psiquiatra, um psicólogo, médicos e enfermeiros — não prestaram os cuidados adequados a Maradona, o que poderá ter levado à sua morte.

Os profissionais em julgamento, que neguem qualquer responsabilidade pela morte de Maradona, podem enfrentar uma pena de oito a 25 anos de prisão. O julgamento deverá durar até julho, com duas sessões por semana.