O percurso de Diego Armando Maradona dentro e fora do futebol deve inspirar as novas gerações, frisou o croata Tomislav Ivkovic, ex-guarda-redes do Sporting, celebrizado pelos dois penáltis negados ao antigo futebolista argentino, que morreu hoje.
“Ele tem de ser um exemplo pela forma como fez tudo para ser jogador. A partir da pobreza chegou ao estatuto de maior do mundo. Também tem de ser um exemplo para mostrar às crianças de hoje aquilo que não podem ou devem fazer. O Maradona estragou completamente a vida dele”, referiu à agência Lusa o ex-internacional pela antiga Jugoslávia.
Diego Maradona, considerado um dos melhores futebolistas da história e com uma vida social marcada por diversos problemas de saúde e excessos, morreu hoje na sua residência, na Argentina, aos 60 anos, anunciou o seu agente e amigo Matías Morla.
Segundo a imprensa argentina, Maradona, que treinava os argentinos do Gimnasia y Esgrima, sofreu uma paragem cardíaca na sua vivenda na província de Buenos Aires, cidade onde foi operado com sucesso no início de novembro a um hematoma na cabeça.
“Recebi esta notícia com tristeza e surpresa. Soube há duas ou três semanas que a operação tinha corrido bem, ele não tinha problemas e estava num bom caminho. Infelizmente, a vida é imprevisível e o grande Diego acabou hoje a vida dele”, lamentou.
A carreira do médio ofensivo, celebrizada entre 1976 e 2001, distinguiu-se pela conquista do Mundial1986, no México, com a Argentina, além dos dois campeonatos italianos ganhos ao serviço do Nápoles, intercalados com o triunfo na Taça UEFA de 1988/89.
Quatro meses depois dessa vitória transalpina sobre os alemães do Estugarda (5-2 no agregado das duas mãos), Tomislav Ivkovic, que acabara de assinar pelo Sporting, cruzou-se com Maradona na primeira ronda da segunda prova europeia de clubes.
O confronto originou dois ‘nulos’ e só foi desempatado a favor do Nápoles nas grandes penalidades (4-3), capítulo no qual o guarda-redes dos ‘leões’ se notabilizou, ao travar uma conversão do médio argentino, após ter parado o pontapé de Massimo Crippa.
Esse “duelo inesquecível” e à distância de 11 metros permitiu que Tomislav Ivkovic vencesse uma célebre aposta com Diego Maradona e arrecadasse 100 dólares (83,92 ao câmbio atual), embora sem evitar a eliminação do Sporting, treinado por Manuel José.
“Foi especial tudo o que aconteceu, porque o Maradona era único. Tenho grandes jogos que podiam ficar na minha memória, mas este vai ficar na lembrança de todos os demais por causa do grande peso em torno do nome de Maradona. Era diferente de todos os outros. Vou-me recordar da sua classe e da magia que tinha dentro dele”, contou.
Quase uma década antes do embate decorrido em 27 de setembro de 1989, no estádio San Paolo, em Nápoles, os dois jogadores conheceram-se na fase de grupos do Mundial1979 de sub-20, no Japão, com a Argentina a impor-se à Jugoslávia (1-0).
“Foi aí que começou a brincadeira. Temos a mesma idade e começámos a jogar futebol na mesma altura. Claro que olhámos todos para ele com uns olhos diferentes. Era com prazer, satisfação e concentração que jogávamos com ele. No meu caso, só ele estar dentro do campo dava-me maior motivação para estar a um nível muito melhor”, notou.
O último capítulo da história de Ivkovic com Maradona foi reeditado em Itália em 30 de junho de 1990, quando a Argentina afastou a Jugoslávia nos quartos de final do Mundial (0-0, 3-2 após penáltis), do qual seria finalista vencido, aos pés da Alemanha Ocidental.
O guarda-redes voltou a impor-se ao médio de forma inconsequente no desempate, desta vez sem aposta, no auge de uma carreira que ainda acumulou passagens por Estoril Praia, Vitória de Setúbal, Belenenses e Estrela da Amadora.
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