O técnico italiano Carlo Ancelotti será o quarto estrangeiro no comando da Seleção Brasileira de futebol, mas ao contrário de seus antecessores, assumirá o cargo para a disputa da Copa América de 2024 e com a missão de conduzir o Brasil ao Campeonato do Mundo de 2026.

O pioneiro

O primeiro estrangeiro a comandar a seleção canarinha foi o uruguaio Ramón Platero, na Copa América (então chamada de Sul-Americana) em 1925.

Embora Joaquim Guimarães tenha sido apresentado oficialmente como treinador naquela competição, Platero foi o treinador de facto enquanto o brasileiro assumia funções de gestão, conforme explicou a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em 2015.

O Brasil foi vice-campeão da prova realizado entre o final de novembro e dezembro em Buenos Aires, com a participação de Argentina e Paraguai.

A campanha terminou com duas vitórias, um empate e uma derrota.

Após o fim do campeonato, vencido pela Argentina, o uruguaio deixou o cargo, que ele tinha assumido após destacar-se no futebol local.

Campeão com a seleção 'Celeste' do Campeonato Sul-Americano de 1917, Platero treinou o Fluminense (1919) e foi o primeiro técnico oficial do Flamengo (1921), que antes da sua chegada era comandado por uma equipa de treinadores.

Em 1922, protagonizou uma história curiosa: treinava tanto o Flamengo, da primeira divisão do Campeonato Carioca, quanto o Vasco da Gama, na divisão.

Naquela temporada, foi vice-campeão brasileiro com o Mengão e fez subir os vascaínos à primeira divisão, clube que acabou por optar em 1923. Mais tarde, comandou Botafogo, Santos, Palmeiras e São Paulo.

Dupla luso-brasileira

Durante muitos anos, a passagem de Platero pela seleção permaneceu desconhecida até mesmo pela CBF.

Para alguns, o primeiro estrangeiro a comandar a Seleção do Brasil foi o português Jorge Gomes de Lima, conhecido como Joreca.

O então treinador do São Paulo dividiu o comando técnico com o brasileiro Flávio Costa em 1944.

A dupla dirigiu o Brasil em dois amigáveis contra o Uruguai: vitórias por 6-1, no dia 14 de maio, no Rio, e 4-0 quatro dias depois, em São Paulo.

Passada a experiência, Joreca continuou a treinar o São Paulo até 1947, dois anos antes de morrer de paragem cardíaca, e ainda é considerado um dos melhores treinadores do Tricolor paulista.

Flávio Costa, por sua vez, foi o técnico da Seleção no 'Maracanazo', quando o Uruguai venceu o Brasil por 2-1 na final do Mundial de 1950. Faleceu em 22 de novembro de 1999, aos 93 anos.

Seleção muito palmeirense

O último estrangeiro a dirigir a Seleção Brasileira foi o argentino Nélson Ernesto Filpo Núñez, a 7 de setembro de 1965, quando o Brasil tinha conquistado os Mundiais da Suécia-1958 e do Chile-1962 com técnicos 'de casa'.

Na altura, o ex-jogador do San Lorenzo e do Independiente da Argentina dirigia um poderoso Palmeiras que ficou famoso por fazer frente ao Santos de Pelé.

A Confederação Brasileira de Desportos (CBD), antecessora da CBF, pagou ao 'Verdão' para que a equipoa representasse a Seleção brasileira no amigável contra o Uruguai para comemorar a inauguração do estádio Mineirão, em Belo Horizonte.

Vestindo a 'Amarelinha', o Palmeiras de Núñez venceu a 'Celeste' por 3-0. Depois, Filpo Núñez voltou para treinar o Palmeiras e acabou por consolidar a chamada Primeira Academia (1961-70), uma das épocas mais gloriosas do clube paulista. Filpo Núñez morreu no dia 6 de março de 1999, aos 78 anos.