A 11 de dezembro último, uma votação secreta, levada a cabo sem a participação dos grupos organizados de adeptos, a Liga Alemã de Futebol (DFL) aprovou - por um voto de diferença, uma maioria de dois terços - a entrada de um parceiro estratégico na organização que tutela o futebol profissional no país, o que abre portas à entrada de dinheiro proveniente de um investidor externo.

A intenção passa por vender 8% dos direitos comerciais da Bundesliga e da 2. Bundesliga (os dois principais escalões do futebol alemão), o que permitirá um encaixe financeiro a rondar os mil milhões de euros, os quais iriam ajudar à "internacionalização e modernização".

O negócio, porém, está a gerar muita apreensão e receios junto dos adeptos.

É que, no futebol alemão, existe há muito uma regra apelidada de ‘50+1’ que é tida como sagrada e que dita que os clubes e os seus sócios devem deter sempre a maioria do capital e direitos de voto (ainda que existam exceções, como o Bayer Leverkusen, financiado pela Bayer, o Wolfsburgo, financiado pela Volkswagen, ou o Leipzig, que conta com os investimentos da Red Bull).

Há quem argumento que impedir a entrada de investidores externos limita a competitividade dos clubes alemães além fronteiras. Mas não é esse o pensamento da maior parte dos adeptos. Por isso, nas últimas semanas têm sido muitos os protestos que levaram mesmo à interrupção de jogos nos dois principais escalões do futebol germânico.

E alguns desses protestos têm sido, no mínimo, curiosos. Um dos primeiros passou pelo arremesso simbólico de moedas de chocolate, que provocaram interrupções curtas das partidas. Já houve também cadeados colocados nas balizas ou carros telecomandados a invadirem o relvado.

Mas aos poucos tornaram-se mais sérios, com o lançamento de um grande número de berlindes e bolas de ténis para o terreno de jogo, que forçaram mesmo longas paragens dos encontros, como sucedeu por exemplo neste fim de semana, no encontro do Bayern Munique com o Bochum.

Perante estes protestos, e apesar da vontade da Liga Alemã em fechar um acordo com um investidor externo até ao final de Março, nos últimos dias vários clubes manifestaram dúvidas, com o presidente do Estugarda, bem como outros clubes, como Colónia ou Borussia MGladbach, a defenderem que a decisão final deve voltar a ser alvo de votação por parte dos clubes.

E sabe-se já que um dos possíveis parceiros externos que tinha começado por mostrar intereese em investir, a Blackstone, saiu da corrida. Em cena continua, porém, a CVC, a empresa de capital de risco que já fechou negócios idênticos com as Ligas espanhola e francesa.