A Ultramarina de São Nicolau é a equipa que vai jogar a final do campeonato cabo-verdiano com o Sporting da Praia, anunciou hoje a Federação Cabo-verdiana de Futebol (FCF), informando que a primeira mão realiza-se no próximo domingo.
A decisão é do Conselho de Disciplina da FCF, após a equipa do Mindelense não ter comparecido no último domingo em São Nicolau, na repetição do jogo da primeira mão das meias-finais do campeonato nacional com a Ultramarina.
O jogo seria repetido porque não foi realizado no início de junho, já que, depois de dois adiamentos, na terceira data prevista não apareceram as chaves para abrir os portões do estádio em São Nicolau.
A FCF instaurou um processo disciplinar à Ultramarina, mas o Conselho de Disciplina (CD) da FCF considerou "improcedente" a queixa, concluindo que não ficou provada que o clube teve intenção de esconder as chaves.
O Mindelense também apresentou um recurso, mas o Conselho de Justiça da FCF negou provimento ao mesmo.
Entretanto, mesmo sem se realizar o jogo da primeira mão em São Nicolau, a FCF marcou o da segunda mão em São Vicente, em que a Ultramarina venceu o Mindelense por 2-0.
Na semana passada, a federação anulou o jogo e mandou repetir a eliminatória, prorrogando assim a época desportiva em Cabo Verde, que deveria terminar no dia 31 de julho.
Mas o Mindelense informou que não conseguiu reunir o número suficiente de jogadores para viajar para São Nicolau e não compareceu no jogo.
O CD da FCF, reunido na quarta-feira, aplicou pena de derrota ao Mindelense, uma multa de 136 euros e eliminação da competição.
"Nas provas a eliminar, a uma ou duas mãos, a pena de derrota aplicada a um dos clubes, relativamente a qualquer jogo de eliminatória, implica a qualificação do adversário", explica o conselho, baseando no regulamento disciplinar.
Em comunicado emitido hoje, a FCF anunciou a marcação do jogo da primeira mão da final para o próximo domingo, na ilha de São Nicolau, entre Ultramarina e Sporting da Praia.
A segunda mão deverá ser realizada no domingo seguinte, 27 de agosto, na cidade da Praia, onde será conhecido o vencedor da prova, que sucederá ao Mindelense, tetracampeão.
A decisão não agradou ao Mindelense, tendo o presidente do clube, Daniel Jesus, avançado à agência Lusa que foi tomada sem a devida instauração de um processo disciplinar à sua equipa, pela não comparência no jogo, tal como aconteceu na altura com a Ultramarina.
"É mais um atropelo aos regulamentos", lamentou o dirigente desportivo, informando que o clube que dirige vai "agir em conformidade" e "dentro da legalidade" para recorrer e contestar a decisão do órgão que gere o futebol cabo-verdiano.
"Muita coisa está inquinada em todo este processo, com nítida intenção de beneficiar alguém", prosseguiu o presidente, sem referir quem está a ser beneficiado, mas esperando melhorias no futebol cabo-verdiano.
Este caso insólito no futebol cabo-verdiano está a gerar muita polémica no país, tendo levado as associações regionais a "forçarem" uma assembleia geral extraordinária para analisar a situação da modalidade no país e pedir a demissão do presidente da FCF, Vítor Osório.
A assembleia geral, a pedido de nove das 11 associações regionais, está marcada para o próximo sábado, na cidade da Praia, um dia antes da realização do jogo da primeira mão da final.
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