O treinador do Praiense, do Campeonato de Portugal em futebol, disse hoje não concordar com a anulação da competição, defendendo a "subida administrativa" dos primeiros e segundos classificados da prova, devido às consequências da covid-19.
"Acreditamos que haja da parte de quem vai ter a capacidade de decidir a possibilidade de pensar, pelo menos, em não anularmos os campeonatos e entregar àqueles que por mérito próprio estavam na frente do campeonato a possibilidade de subida administrativa", afirmou Francisco Agatão à agência Lusa.
O técnico do Praiense defende a "subida administrativa" ou dos quatro primeiros classificados ou das oito equipas que se encontram em zona de acesso ao "play-off" de promoção do campeonato de Portugal para a II Liga, o que representaria um alargamento do número de equipas no segundo escalão do futebol português.
"Já houve anos que existiram alargamentos por motivos bem menores que este", frisou Agatão.
A proposta de Francisco Agatão é a mesma que um conjunto de dez clubes do Campeonato de Portugal enviou à Federação Portuguesa de Futebol, que não prevê descidas de divisões e que defende uma I Liga com 20 clubes (subida dos primeiros classificados da II Liga) e uma II Liga com 28 equipas.
O treinador do Praiense, líder da série C do Campeonato de Portugal com 11 pontos de vantagem para o segundo classificado (o Benfica de Castelo Branco), assinala que a anulação da prova traria "prejuízos enormes para todos".
"Sem querermos de alguma forma revelarmos egoísmo desmesurado, não deixamos de reconhecer que não contamos que a decisão seja a anulação do campeonato. Isso seria cometer uma enorme injustiça", relevou Agatão.
O treinador da equipa açoriana defende que deve existir "alguma condescendência" em relação aos clubes que "por mérito próprio" foram os "mais regulares ao longo dos meses de trabalho", até porque "ninguém tem culpa desta situação".
O técnico de 59 anos avançou que não prevê ser possível retomar as provas esta temporada devido à "forma com que a pandemia de instalou": "não vejo, sinceramente, muitas probabilidades de acontecer".
Referindo que já estão a sentir as consequências económicas da suspensão dos campeonatos, o treinador da formação terceirense lembrou que "nem todos os profissionais do futebol têm os mesmos rendimentos".
"Nós vivemos disto. Esta é a nossa vida. É daqui que damos de comer à nossa família e não havendo competição naturalmente ficará muito mais difícil para resolver a questão financeira", apontou.
Agatão previu também uma redução dos "orçamentos que se praticaram até agora" na elaboração dos plantéis, como uma das "repercussões sérias e graves" da covid-19 no futebol.
A 12 de março, a Federação Portuguesa de Futebol, anunciou a suspensão por tempo indeterminado das provas por si organizadas, devido à pandemia de covid-19.
O Campeonato de Portugal é composto por 72 clubes, dividido em quatro séries, cada uma com 18 equipas, sendo que os dois primeiros classificados de cada série são apurados para um play-off que determinará a subida de dois clubes à II Liga.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,3 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 75 mil.
Em Portugal, que está em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até às 23:59 de 02 de abril, registaram-se 345 mortes mais 34 do que na véspera (+10,9%), e 12.442 casos de infeções confirmadas (+6%), segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde (DGS).
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