Marcada para este sábado, dia 23, entre Flamengo e River Plate, a final da Taça Libertadores vai pela primeira vez na sua história ser disputada em campo neutro. O palco será o imponente Estádio Monumental, em Lima, no Peru. Originalmente, porém, o encontro estava marcado para o Estádio Nacional, em Santiago, no Chile.
A mudança deveu-se aos protestos contra as desigualdades sociais que tomaram conta da capital chilena em meados de outubro e ao clima de instabilidade sociopolítica e insegurança vividos desde então no país, onde todas as competições desportivas chegaram mesmo a estar suspensas.
Inicialmente, tanto o governo chileno como a CONMEBOL, órgão máximo do futebol sul-americano, mantiveram a partida para Santiago. Mas, a 5 de Novembro, após reunião com representantes dos dois clubes finalistas, foi anunciada a mudança de local. E a cidade escolhida foi Lima, no Peru, que inicialmente já tinha discutido com a capital do Chile a organização do evento.
Uma mudança consensual, baseada em questões de segurança e nas garantias dadas pelo governo do Peru, mas que surgiu a menos de três semanas da data do jogo, criando inúmeras questões logísticas. Obrigada a fazer em pouco mais de 15 dias um trabalho de preparação que, por norma, leva um ano inteiro, Lima viveu um autêntico contra-relógio para que tudo estivesse a postos este sábado.
Ajustes no relvado, limpeza dos milhares de assentos do recinto, instalações das estruturas para organizar e receber adeptos e equipas, foram apenas alguns dos inúmeros trabalhos que tiveram de ser realizados em tempo recorde.
E houve ainda a questão dos adeptos que tinha já adquirido passagens para a capital chilena e tiveram de procurar soluções para seguir para o novo destino. Soluções que, com tão escassa margem de manobra em termos de tempo, se revelaram na maior parte dos casos bastante mais dispendiosas do que o inicialmente previsto.
Há um ano foi parecido...
A situação não é inédita. Há um ano, na edição de 2018 da Taça Libertadores, com a final ainda disputada a duas mãos, o segundo jogo também foi transferido para outro país...e para outro continente. De Buenos Aires, Argentina, para Madrid, Espanha, depois de o autocarro em que seguiam os jogadores do Boca Juniors ter sido atacado à chegada ao Monumental de Nuñez, estádio do River Plate.
Um autêntico cenário de terror, no qual vários jogadores do Boca ficaram feridos ao serem atingidos por vidros ou devido ao uso de gás lacrimogéneo por parte da polícia. O então capitão, Pablo Pérez, teve mesmo de ser assistido no hospital antes de regressar ao estádio com uma pala a proteger o olho esquerdo.
Vinte e nove pessoas foram, na altura, detidas. O encontro começou por ser adiado, primeiro apenas algumas horas e depois para o dia seguinte, mas perante os protestos do Boca Juniors, que chegou a exigir ser declarado desde logo vencedor do troféu, acabou por ser definitivamente transferido para o Estádio Santiago Bernabéu, em Madrid, onde se realizou duas semanas mais tarde, com triunfo do River Plate. Foram muitas as vozes que se levantaram a criticar a mudança do jogo para um palco europeu, entre elas as de algumas das figuras do futebol sul-americano que atuam no ' velho continente'.
Também a partida da primeira mão dessa final tinha sofrido um adiamento de 24 horas por culpa do mau tempo e do estado do relvado. Isto já depois de ter sido decidido que, por questões de segurança, nenhum dos dois jogos contaria com a presença de adeptos visitantes.
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