Os adeptos do Atlético-MG chegaram a pedir a cabeça do técnico Gabriel Milito, revoltados após uma série de derrotas. Mas o técnico argentino ganhou vida nova ao levar o 'Galo' à final da Taça Libertadores de 2024.
Quando as críticas aumentaram, na metade da temporada, Milito manteve a cabeça fria e a serenidade que o fizeram destacar-se quando era defesa central do Barcelona e da seleção da Argentina.
O treinador hesitou em mudar a filosofia que prometeu dar às suas equipas quando iniciou a sua carreira, em 2015: controle da bola, pressão asfixiante no campo do adversário e muita agressividade, uma cartilha parecida com a de um dos seus professores, Pep Guardiola.
Com marcação no seu próprio campo, sem descurar os contra-ataques e sem a obsessão pela bola, o Atlético chegou a duas finais esta temporada.
Além da Taça Libertadores, troféu que já levantou em 2013, a equipa mineira chegou à final da Taça do Brasil, mas foi derrotado pelo Flamengo no início do mês de novembro.
"Quando começamos o nosso trabalho, jogávamos dessa maneira e tivemos resultado. Quando perdemos muitos jogadores, tivemos resultados negativos. Agora é preciso jogar à nossa maneira", disse Milito, em setembro.
"Fase complicada"
O bom desempenho nas Taças foi ofuscado pela irregularidade do 'Galo' no Campeonato Brasileiro, apesar do plantel de qualidade com nomes como Hulk e Paulinho.
Faltando duas jornadas para o final do Brasileirão, a equipa ocupa a 10.ª posição, que dá acesso à Taça Sul-Americana de 2025, e vem de oito jogos sem vencer (quatro derrotas e quatro empates).
Caso não vença a final contra o Botafogo em Buenos Aires, o Atlético ficará fora da próxima Libertadores e perderá a oportunidade de disputar o Mundial de Clubes de 2025.
Amigo de Lionel Messi e irmão do ex-avançado Diego Milito, o treinador argentino encara as crises com muita autocrítica.
"Estamos a jogar abaixo da nossa capacidade. É uma fase complicada. É difícil encontrar uma explicação, mas temos que melhorar", reconheceu Gabriel Milito.
O mau momento antes da final continental voltou a aquecer o ambiente contra o argentino, que chegou ao Atlético em março, para ocupar o lugar de Luiz Felipe Scolari.
Equipas de altos e baixos
Menos de 15 dias depois de assumir a equipa, levantou o seu primeiro troféu como treinador ao conquistar o Campeonato Mineiro com vitória sobre o arquirrival Cruzeiro na final.
"Ele é uma pessoa que ganhou muitas coisas como jogador, mas ainda não tinha sido campeão como treinador. É o primeiro de muitos aqui, podem ter certeza", disse então Hulk.
A lua de mel durou pouco. O Atlético sofreu duras derrotas para Palmeiras (4-0), Vitória (4-2), Flamengo (4-2) e Botafogo (3-0) entre junho e julho no Brasileirão, e os pedidos de "Fora Milito" tornaram-se rotina.
Mas o argentino manteve a mesma resiliência dos tempos de jogador, carreira que encerrou aos 31 anos por "não suportar a questão física".
Agora no banco, num trabalho "mais estressante", o seu corpo também sofreu. Depois de deixar o comando do Independiente da Argentina, em 2016, foi diagnosticado com diabetes tipo 1, "que apareceu devido ao stress".
A doença, já totalmente controlada, fez Milito "dar a volta".
"Faço tudo para estar bem, para obter um bom resultado, para vencer, mas também sei às vezes não se ganha. Então eu prestigio o processo, o caminho, e aproveito. Também não acho que ganhar um campeonato vai mudar minha maneira de pensar, nem mudar a minha forma de ser", disse ao jornal argentino La Nación.
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