A Eslovénia traz uma “geração interessante” de futebolistas para testar Portugal, na segunda-feira, nos oitavos de final do Euro2024, alerta o treinador João Henriques, que orientou os eslovenos do Olimpija Ljubljana em 2023/24.

“Quando a Dinamarca viajou para Ljubljana na qualificação [e empatou 1-1, em junho de 2023], fiquei com a certeza de que a Eslovénia se apuraria para a fase final. Era uma das seleções que eu achava que podia surpreender, independentemente de estar num grupo complicado, e teve competência para aceder aos ‘oitavos’. Não estou nada surpreendido. Portugal precisa de estar muito atento a este jogo, porque, apesar de ser favorito, vai ter pela frente uma equipa organizada e competente”, reconheceu à agência Lusa o técnico.

Portugal, vencedor do Grupo F e campeão em 2016, discutirá o acesso aos ‘quartos’ da 17.ª edição do Europeu com a Eslovénia, terceira da ‘poule’ C, na segunda-feira, a partir das 21:00 locais (20:00 em Lisboa), no Deutsche Bank Park, em Frankfurt, na Alemanha.

As duas seleções defrontam-se pela primeira vez em duelos oficiais, mas já se cruzaram em 26 de março, em Ljubljana, com os eslovenos a selarem a primeira derrota lusa (2-0) sob alçada do espanhol Roberto Martínez num particular de preparação para a fase final.

“Este jogo vai ser completamente diferente, até porque é de ‘mata-mata’ e conta para um torneio importante. Portugal terá uma atitude distinta e responsabilidades. Há três meses, era uma questão de laboratório e de estar a preparar o Euro2024. Muitos atletas que não participaram nesse particular estão normalmente presentes no ‘onze’ titular. Por isso, vai haver algumas diferenças por parte de Portugal, mas poucas do lado da Eslovénia, que anda mentalmente muito motivada e numa posição inédita a nível de historial”, recordou.

Os eslovenos atingiram uma inédita passagem à fase a eliminar na segunda participação como país independente em Europeus, após empates com a Dinamarca (1-1), segunda classificada, a lanterna-vermelha Sérvia (1-1) e a Inglaterra (0-0), vencedora do Grupo C.

“Conseguiram ter uma boa geração de atletas, que atuam em campeonatos com um bom nível competitivo. Isso faz com que tenham o ritmo alto exigido neste patamar. Um deles, o Timi Elsnik, foi meu jogador no Olimpija Ljubljana, tem sido titular no meio-campo, é o número ‘10’ e até fez um golo em março à seleção portuguesa. É bastante bom e um dos poucos [convocados] que estão na Eslovénia, mas que vai, com certeza, sair para outras Ligas mais competitivas e para clubes que virem essa evolução”, frisou João Henriques.

O conjunto de Matjaz Kek é capitaneado por Jan Oblak, guarda-redes dos espanhóis do Atlético de Madrid há 10 temporadas - após passagens por Beira-Mar, Olhanense, União de Leiria, Rio Ave e Benfica -, e costuma juntar o promissor Benjamin Sesko (Leipzig) a Andraz Sporar (Panathinaikos), ex-Sporting e Sporting de Braga, na dupla de atacantes.

“Vemos desde o tempo do Zlatko Zahovic [ex-médio de Vitória de Guimarães, FC Porto e Benfica] que, por vezes, a Eslovénia tem individualidades com muita qualidade, mas que precisam de sair do campeonato local, até porque não tem o mesmo nível de intensidade e competitividade. O país está localizado numa zona de muito talento. Basta olhar para a vizinha Croácia, que também fez parte da Jugoslávia e tem jogadores fantásticos”, notou.

De junho a outubro de 2023, João Henriques orientou os compatriotas Jorge Silva, David Sualehe, Diogo Pinto e Rui Pedro no Olimpija Ljubljana, que debutou na fase principal de uma prova da UEFA, através da Liga Conferência Europa, num percurso iniciada com as ‘quedas’ na terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões e no play-off da Liga Europa.

“Há uma evolução natural, porque os jogadores são bons e os clubes estão a apostar em treinadores estrangeiros. O Vitória de Guimarães sofreu isso na pele, ao ser afastado [na segunda ronda preliminar da Liga Conferência Europa] pelo Celje, campeão esloveno em 2023/24. Há uma séria vontade em dar continuidade ao que está a acontecer”, finalizou.