Aproxima-se o período em que os aficionados do futebol angolano arriscam-se a assistir, uma vez mais, a uma 'batalha campal' bipolarizada no seio da modalidade, com os maiores emblemas do país (1º de Agosto e Petro de Luanda) a 'usurparem' as atenções entre 16 concorrentes no Girabola2018/19.
A disputa concentrada do título à volta dos mesmos protagonistas quase se tornou “regra” na maior competição do futebol nacional, pelo que o presente campeonato, a iniciar a 27 deste mês, reserva para os demais participantes o desafio de pôr fim a essa tendência, ou seja, despolarizar a “compita”.
Inicialmente, os contendores figuram em três “potes” distintos (linha da frente; posições intermédias e zona de luta pela manutenção) com o objectivo único de ser campeão, mas na realidade a competição cedo se resume a dois.
Em prol da competitividade e para o bem do desporto nacional, recomenda-se maior organização, qualidade e capacidade técnico-financeira dos intervenientes, para que se possam ‘intrometer’ efectivamente na luta e, durante cerca de sete meses (Outubro/Maio), corresponderem às expectativas tendentes a pôr cobro a situação.
Treze formações “repetentes” e três ascendentes à divisão maior voltam aos relvados em representação de 11 províncias, após quase dois meses de defeso, levando - com ajuda dos meios de comunicação - a maior festa desportiva nacional pelo país a dentro, e não só.
Em perspectiva, no entanto, que o D’Agosto parte com ligeira vantagem, a julgar pela experiência e o potencial do grupo, pois, além de manter o treinador e o plantel vencedor da época passada - à semelhança de muitas formações -, acresce à equipa a qualidade do regressado Ary Papel (ex-Sporting B de Portugal), elemento “chave” nas conquistas de 2016 e 2017.
Pontificam nas suas hostes alguns dos melhores executantes do mercado nacional, nomeadamente Geraldo, Ibukun, Dani Massunguna, Buá, Show, Bobó, Mário, Paizo e Toni Cabaça.
Estes têm o maior número de jogos e ritmo competitivo em relação aos adversários, daí a razão de comandarem as projecções, embora isso possa reflectir-se no estado físico dos atletas e afectar no arranque da prova.
As últimas campanhas na competição interna (tri-campeão), assim como os resultados nas Afrotaças (onde foi injustamente eliminado da final no dia 23), elevam a equipa agostina à condição de principal candidata ao troféu, enquanto os “petrolíferos”, no décimo ano de ‘jejum’, são tidos como a formação mais capaz de impedir uma eventual revalidação “militar”.
As previsões de o Petro chegar ao título estão intrinsecamente ligadas a factores como o seu estatuto a nível da competição, pois lidera o ranking com 15 títulos.
Depois de três vice-campeonatos consecutivos, o clube do “Eixo-viário” reforçou-se com o avançado Vá (ex-Leixões da 2ª Divisão portuguesa), o médio Nary, oriundo do Kabuscorp, o defesa-central Inusah Musah e o médio Isaac Mensah, ambos provenientes do Heart of Oak da primeira divisão do Ghana.
Estes juntam-se a uma formação experiente e capaz, da qual sobressaem Job, Tiago Azulão, Eddie Afonso, Gerson, Mateus, Wilson, Tony e Dennis, tendo como missão única recuperar a mística ganhadora que o Petro habituou aos adeptos.
O Libolo afigura-se como provável inquietação dentre as formações da chamada “linha da frente”, pois integra no plantel Marco Airosa, (ex-AEL Limassol do Chipre), Filhão e Nandinho (ex-Kabuscorp), assim como Mussá, contratado ao Kuando Kubango FC, e manteve, entre outros, o experiente Sidney, o goleador brasileiro Magrão e os irreverentes jovens Dié e Viete.
Reconquistar o troféu perdido em 2015 é prioridade dos libolenses, depois da quarta posição da edição 2017/18, o que exigirá do Petro e D’Agosto um alerta permanente.
Um pouco aquém dos seus tempos áureos, Kabuscorp do Palanca e Interclube perfilam igualmente entre aqueles que se julga poder interferir no pódio.
Nonos classificados do ano passado, os Palanquinos, nos últimos anos envoltos em casos de dívidas a jogadores, têm vindo a decrescer e, após as saídas de Nary, Filhão e Nandinho, enfrentam o desafio de voltar a conquistar um título num período em que as principais referências assinalam tão baixo rendimento em campo, a exemplo de ‘Dr’ Lami.
Numa das suas visíveis acções, o Kabuscorp contratou, ao Interclube, o técnico Paulo Torres, que tem a árdua tarefa de reorganizar o grupo e torná-lo dos mais competitivos do campeonato, como ocorrera com esta formação nas épocas 2013 e 2014.
Já aos “polícias”, com pouco tempo de readaptação a outro comando técnico, apenas resta acrescer responsabilidades aos mais experimentados Paty, Mano Calesso, Moco e Yto, “obrigados” a liderar a equipa na prossecução dos objectivos, que passam por destronar os “militares”.
Quanto ao grosso de participantes, é pouco notável o desdobrar das equipas em acções que visam enriquecer os plantéis, facto em certa medida relacionado à actual conjuntura financeira menos boa que o país atravessa.
Suas pequenas movimentações (entradas e saídas) são caracterizadas na relativa diminuição de forças de uns clubes, mas sem grande ascendente na capacidade de outros.
Algumas formações chegaram a anunciar a possibilidade de desistência, muito antes do início, o que indicia grandes fragilidades no concernente ao combate ao processo bipolar implantado, há três edições, por militares e petrolíferos. Neste capítulo, os clubes recém -promovidos ao primeiro escalão têm sido recorrentes.
O constante clamor ligado à falta de condições financeiras em nada ajuda, pois cria um vazio na pretensa intenção de haver mais competitividade no Girabola e levam os aficionados a interrogarem-se sobre até que ponto o campeão em título e o vice verão seus objectivos “ameaçados” neste campeonato.
Constam da linha da frente (1º de Agosto, Petro, Interclube, Kabuscorp e Libolo), nas posições intermédias estão (Sagrada Esperança, Progresso do Sambizanga, Académica do Lobito, Desportivo da Huíla, ASA, Bravos do Maquis e Recreativo da Caála), ao passo que (Kuando Kubango FC, Sporting de Cabinda, Santa Rita do Uíge e Saurimo FC da Lunda Sul) fazem parte da zona de luta pela permanência.
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