Em abril de 2017, cansado de esperar por uma proposta que lhe enchesse as medidas, Rui Águas resolveu voltar a emigrar. O técnico português de 56 anos aceitou uma proposta do Pharco FC, clube da segunda divisão egípcia. A ideia de conquistar algo, mesmo sendo na segunda divisão do Egito, levou o Rui Águas e a sua equipa técnica a mais uma aventura em África, depois da seleção de Cabo Verde.
"O que me desafiou foi a vontade de trabalhar e as escassas oportunidades que acabaram por não surgir como eu esperava. Surgiram algumas que não deram certo, quando apareceu este convite, já se tinha passado muito tempo desde a nossa saída da Seleção de Cabo Verde. Era a segunda divisão do Egito mas um projeto ambicioso, e era uma perspetiva de ter algo para conquistar", explicou o técnico, em entrevista telefónica ao SAPO Desporto.
Rui Águas chegou em abril de 2017 a cidade de Alexandria, um mês antes do fim do campeonato da segunda divisão (o Pharco ficou em 4.º lugar no seu grupo), para poder conhecer os jogadores e ter tempo de preparar a nova época.
Apesar de toda a preparação, nem tudo está a correr como o técnico desejaria.
"Não está a correr tão bem como eu esperava, mas é uma experiência num contexto difícil. É um contexto que não me lembro de ter vivido em matéria de mentalidade dos jogadores, do coletivismo da equipa. Isto é algo que para um treinador, muitas vezes dita a diferença. Tem sido um início difícil, temos perdido, temos ganho. Estamos a trabalhar para mudar as mentalidades, os hábitos táticos que esta gente tem. Não está a ser fácil, mas está a ser interessante porque é uma experiência diferente das que eu já tive", contou.
"Sentimos um grupo muito desligado, jogadores ainda mais egoístas do que normalmente são, temos de lutar contra esta contrariedade", completou o técnico de 56 anos.
Um ambiente completamente diferente da que tinha encontrado em Cabo Verde, quando assumiu o comando técnico dos ´tubarões azuis`.
"De vez em quando, eu e o meu assistente, o Bruno que trabalhou comigo em Cabo Verde, comentamos isto, do ambiente que encontramos na seleção cabo-verdiana, da importância que aí havia de os jogadores ajudarem uns aos outros, ajudarem a equipa técnica, federação. Aqui a realidade é completamente diferente e isto é uma dificuldade para quem está a chegar a um país", lamentou.
Apesar de todas as dificuldades, Rui Águas conta com o apoio da direção do Pharco FC.
"Não me posso queixar da direção clube. Eles acreditam no nosso trabalho, apoiam o que estamos a fazer. Os problemas são outros, de hábitos de trabalho, e a dificuldade em alterar certas coisas neste momento", explicou.
A segunda divisão do futebol egípcio está dividida em três grupos de 18 equipas cada. As equipas disputam 34 jornadas, com jogos em casa e fora. Apenas o primeiro classificado de cada grupo garante a promoção para a primeira divisão. Na época passada o Pharco FC terminou na 4.ª posição do Grupo C, com 65 pontos (18 vitórias, 11 empates, cinco derrotas), longe dos 76 do El Raja, que foi promovido (na derradeira jornada o El Raja bateu o Baladeyet El Mahalla e assegurou o título e a promoção, com um golo aos 95 minutos. O Baladeyet El Mahalla só precisava de um empate para o título e subir de divisão).
Nesta altura, decorridas 10 jornadas, o Pharco é 4.º colocado do Grupo C com 15 pontos, frutos de quatro vitórias, três empates e três derrotas. Lidera o Haras Al Hedoud com 24 pontos. Na derradeira jornada empatou a zero bolas na receção ao Coca-Cola.
O Pharco FC é um clube de Alexandria, fundado em 2010.
Comentários