Deco encheu-se de coragem para assumiu as funções de diretor desportivo do FC Barcelona no verão de 2023, em substituição de Mateu Alemany, admitiu hoje o campeão europeu pelo clube espanhol em 2005/06.
“O FC Barcelona é o clube do meu coração e não conseguia vê-lo numa fase má. Não havia algo maior do que essa oportunidade. Deixei muitas coisas importantes para trás e sacrifiquei parte da minha família por passar a estar longe dela. Tive de tomar decisões duras, mas, no final, o que importava era fazer parte da reconstrução de um clube tão grande como o FC Barcelona”, explicou o ex-médio, de 47 anos, que também se distinguiu no FC Porto ou nos ingleses do Chelsea.
Deco dinamizou uma das conferências do primeiro dia da terceira edição da cimeira Thinking Football, que promove debates sobre a modalidade com oradores nacionais e internacionais até sábado, no Pavilhão Rosa Mota, no Porto, sob organização da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP).
“Sentia-me preparado por várias coisas: criei uma empresa [de agenciamento] do zero, debati com muitos diretores de futebol e, de cada vez que estava com alguém, prestava atenção e conversava bastante. É óbvio que [este passo] assusta, porque a dimensão do FC Barcelona não é fácil, mas tinha ideias claras daquilo que poderia fazer”, lembrou.
O ex-médio cumpriu um desejo antigo do presidente Joan Laporta, com o qual já tinha convivido como jogador entre 2004 e 2008, quando conquistou uma Liga dos Campeões, dois campeonatos e duas Supertaças de Espanha, passando, mais tarde, pela prospeção.
“Quando ele regressou à presidência [em 2021], recomendei-lhe que trouxesse alguém com experiência, porque o clube estava numa fase complexa e com vários jogadores em final de carreira. Era preciso trazer uma nova gestão e construir uma equipa. Lembro-me de ter aconselhado o Luís Campos, que admiro muito e é super profissional”, contou.
O dirigente português viria a ingressar no tricampeão francês Paris Saint-Germain como conselheiro de futebol em 2022, um ano antes de Joan Laporta convencer Deco a assumir a direção desportiva dos catalães, cuja reconstrução “é difícil, mas será bonita no final”.
“Há muitos jogadores que querem jogar no FC Barcelona, mas queremos jogadores que sonham em ganhar com o FC Barcelona. São coisas completamente diferentes. Deve ser terrível alguém passar quatro ou cinco anos sem ganhar nada ali. Temos de implementar novamente essa cultura e acho que esse é o segredo para voltarmos a vencer”, apontou.
Uma das preocupações imediatas de Deco foi estreitar relações com as equipas jovens instaladas em La Masia, onde o clube historicamente molda talentos e acautela o futuro, sem necessitar de recorrer constantemente ao mercado para aquilatar o plantel principal.
“Nunca sabemos como eles se comportam num cenário completamente diferente. Há quem assuma de forma muito fácil essa transição para os seniores, mas outros têm mais dificuldade. Lamine Yamal? Mais do que a faceta individual, a sua capacidade mental difere bastante daquilo que estamos acostumados a ver”, ilustrou.
Sem a estabilidade financeira de outros colossos do futebol mundial, o FC Barcelona voltou a ter pouca atividade na janela de transferências de verão, destacando-se a contratação aos alemães do Leipzig do médio ofensivo Dani Olmo, recém-campeão europeu de seleções por Espanha, num negócio avaliado em 55 milhões de euros (ME).
“A grande dificuldade é entender se um determinado jogador se comportará ao nível do clube. Tentamos analisar uma série de coisas [na prospeção], como, por exemplo, a maturidade. Apesar de o Dani Olmo não ter jogado nos maiores clubes da Alemanha, teve sempre uma responsabilidade muito grande na sua seleção. Ele está numa idade perfeita, tem uma maturidade importante e queria muito vir para ganhar títulos”, concluiu.
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