A marcação do embate entre Villareal e Barcelona, da La Liga espanhola para Miami continua a dar, e muito, que falar. Depois de a UEFA ter viabilizado - ainda que relutantemente, por se dizer 'de mãos atadas' na matéria - a realização do jogo fora do território espanhol (o mesmo se passando com o embate da Serie A italiana entre AC Milan e Como), agora a Associação Espanhola de Futebolistas AFE) emitiu um comunicado no qual mostra o seu total desacordo, falando mesmo numa violação do contrato coletivo de trabalho.

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O comunicado oficial da AFE vinca uma posição clara sobre o jogo a disputar nos Estados Unidos, vincando que a Associação Espanhola de Futebolistas não aceita a realização do jogo fora de território espanhol e garante que "o sindicato não recebeu qualquer informação sobre a partida, como solicitado formalmente há dois meses".

"A Associação Espanhola de Futebolistas (AFE) convocou uma reunião para a tarde de terça-feira, 14 de outubro, às 19h00, com representantes dos capitães da Primeira Divisão, do presidente da LALIGA, Javier Tebas, e dos clubes requerentes do projeto, FC Barcelona e Villarreal CF, para que, em conformidade com o disposto no artigo 61.º da Lei do Desporto sobre transparência, os jogadores possam ser informados de todas as informações sobre a possibilidade de disputar um jogo do Campeonato Nacional de Futebol da Primeira Divisão Espanhola, nos Estados Unidos", começa por se ler no comunicado.

"Embora a AFE tenha oferecido todas as oportunidades de participação, tanto presencial como online, insistindo na premência da reunião por respeito aos atletas que representamos, e tendo enviado o convite com uma semana de antecedência, a LA LIGA e os clubes recusaram-se a participar devido a conflitos de agenda. A alternativa seria realizar uma reunião após o início da pré-venda e da venda de bilhetes para a partida — marcada para 21 e 22 de outubro, respetivamente, anunciaram — e nos dias da semana em que, devido a questões de calendário, os jogadores não poderiam comparecer", prossegue.

"O sindicato não recebeu qualquer informação sobre o jogo Villarreal-Barcelona, ​​conforme solicitado formalmente há dois meses. Dada a falta de transparência e colaboração institucional por parte da LALIGA, e após as recentes declarações do seu presidente à comunicação social, o sindicato reforça que não foi recebida qualquer informação sobre o jogo. A AFE não acordou com a LALIGA em 2018 a possibilidade de disputar um jogo da Primeira Divisão espanhola fora de Espanha, manifestando já nessa altura a sua discordância com essa realização. O sindicato, com o apoio dos 20 capitães dos clubes do escalão principal, tem solicitado insistentemente todos os pormenores para os analisar, comunicar necessidades e, se necessário, montar uma mesa negocial, tendo em conta que o atual Acordo Coletivo de Trabalho, negociado entre a AFE e a LALIGA, estabelece as condições de trabalho dos jogadores a nível nacional", lembra.

"A transferência de um jogo da primeira divisão espanhola para os Estados Unidos tornaria impossível o cumprimento desse acordo, considerando que o Artigo 8º estabelece que 'o jogador é obrigado a participar nos estágios estabelecidos pelo Clube/SAD, desde que não excedam 36 horas imediatamente anteriores ao início do jogo, quando disputado em casa. Se o jogo for disputado no estrangeiro, o estágio não excederá as 72 horas (incluindo o tempo de viagem), tendo também em conta o início do jogo'", explica.

"Gostaríamos ainda de salientar que a AFE tem mantido um contacto constante com vários membros do Parlamento Europeu que, no dia 9 de setembro, enviaram uma carta ao Presidente da UEFA, Aleksander Čeferin, manifestando a sua profunda preocupação com as recentes iniciativas de algumas ligas nacionais, como a espanhola La Liga e a italiana Serie A, de organizar jogos oficiais fora da Europa. A 7 de outubro, o Parlamento Europeu aprovou por maioria o Relatório sobre o papel da política da União Europeia na definição do Modelo Europeu para o Desporto (EMS), um documento que visa proteger o nosso desporto e que, literalmente no artigo 44.º, insta as entidades reguladoras do desporto a 'impedir que os jogos das competições nacionais sejam disputados no estrangeiro'", reforça.

A AFE conclui: "A transferência de um jogo da Liga espanhola para os Estados Unidos tornaria impossível o cumprimento do artigo 8.º do Acordo Coletivo de Trabalho. Neste sentido, o sindicato continua as suas discussões com os membros do Parlamento Europeu e grupos parlamentares em Espanha, que estão a trabalhar para exigir ao governo a implementação do Modelo Europeu para o Desporto. Pedimos à LALIGA que seja consistente na sua abordagem, respeite os jogadores e aplique os mesmos princípios de transparência a todos os projetos que visem transformar o planeamento atual do futebol."