Exceto os poucos clubes ricos europeus e alguns jogadores cansados, são quase nenhums os críticos da Liga das Nações. O novo torneio criado pela UEFA substitui os particulares de pouco interesse e, ao mesmo tempo, adiciona uma pitada de pressão nas seleções.
"É a competição mais absurda do mundo do futebol", criticou o treinador do Liverpool, Jurgen Klopp, com a sua habitual franqueza em declarações feitas em início de outubro.
Dembelé não "entende nada"
"O técnico explicou-nos (as regras), mas não entendi nada", declarou recentemente o avançado francês Ousmane Dembélé, que se mostrou confuso com o formato da competição.
Em linhas gerais, a competição divide em grupos as seleções de níveis similares para disputar quatro vagas no Europeu 2020 e com um quadrangular final em junho para as melhores equipas.
Apesar de algumas vozes críticas, como a do lateral belga do PSG Thomas Meunier, que preferiria que os jogadores tivessem mais descanso do que ter que "jogar só por jogar", a opinião geral sobre a Liga das Nações é positiva.
Na imprensa, o jornal As, por meio do seu diretor Alfredo Relaño, elogiou uma inovação bem-vinda: "Parece-me um passo na direção certa, porque substitui os particulares de pouco interesse - sem eliminá-los completamente - pelo verdadeiro futebol".
"Competição muito atrativa"
O selecionador da França, Didier Deschamps, mostrou-se satisfeito em retomar o caminho competitivo pouco depois de conquistar o Mundial. "Psicologicamente, é bom para os jogadores enfrentar a Alemanha e a Holanda com um objetivo", opinou.
"Para mim, é uma competição muito atrativa", analisou o técnico da Espanha, Luis Enrique. "Posso ver os meus jogadores a competir contra outras seleções do mesmo nível e com um título em jogo no ano que vem. Para mim é perfeito".
A Liga das Nações permitiu à Espanha, eliminada nos oitavos de final do Mundial da Rússia, reencontrar o seu futebol e deixar a recente decepção para trás, goleando em setembro a vice-campeã do mundo Croácia por 6-0.
Clubes mais críticos
A Alemanha também precisava de voltar a competir após a eliminação precoce no Mundial, mas as opiniões em relação à Liga das Nações são mais mornas. "Vejo com bons olhos menos particulares e mais jogos de competição", disse o técnico da 'Mannschaft', Joachim Low, antes de completar: "Mas o mais importante é a qualificação para o próximo torneio (Europeu 2020), não é o troféu da Liga das Nações".
Os clubes alemães, porém, são mais críticos.
"Ninguém precisa desta Liga das Nações", atirou Karl-Heinz Rummenigge, presidente do Bayern de Munique.
De facto, os clubes são os maiores prejudicados pela nova competição. "Um treinador pode ligar para o técnico da seleção para pedir que dê descanso a um ou dois jogadores, mas ele também pode dizer que está sob pressão porque precisa de ganhar a Liga das Nações", argumentou Klopp.
Positivo enquanto não for despromovido
Na Itália, o diário desportivo 'Gazzetta dello Sport' lembrou os pontos atrativos do novo formato: "Um torneio com recompensas, principalmente económicas". Contudo, há "um risco de degradação" que pode, por exemplo, trazer uma nova humilhação, como a despromoção à Liga inferior, para uma seleção italiana em plena reconstrução após não conseguir a qualificação para o Mundial 2018.
O selecionador de Itália, Roberto Mancini, moderou o seu entusiasmo com o novo torneio. No início, via a Liga das Nações como "uma inovação positiva", já que é "melhor para os jogadores poder competir valendo três pontos".
Mas, em seguida, relativizou. "Quando cheguei, o objetivo era reconstruir a equipa e mostrar uma boa cara na Liga das Nações. Só isso. A Liga das Nações foi criada para que as equipas parem de subestimar os particulares. Não vejo motivos para um drama".
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