O Benfica conseguiu, para já, o melhor resultado dos oitavos de final da Liga dos Campeões. Os líderes da I Liga mostraram eficácia e segurança para sair da Bélgica com uma importante vitória de 2-0 diante do Club Brugge, na 1.ª mão dos oitavos. Um resultado que deixa os Encarnados praticamente nos quartos de final da prova.

João Mário comprovou que está num momento fantástico, nesta que é a sua época mais goleadora de sempre. Aursnes voltou a encher o campo, David Neres mostrou apetência para a Champions. Clube Brugge terá de fazer uma exibição de gala na Luz para poder sonhar com o apuramento.

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O Jogo: na eficácia esteve o ganho

A vitória do Benfica explica-se pela eficácia em tirar partido dos erros do Club Brugge na defesa. Os dois golos nascem de erros individuais imperdoáveis numa prova como a Champions, mas são o espelho do momento atual do emblema belga. Dos quatro remates que o Benfica enquadrou, dois terminaram em golo. O Brugge só por uma vez atirou à baliza de Vlachodimos.

O Benfica, depois dos primeiros minutos de pressão dos belgas, principalmente pelas acelerações de Noah Lang e Buchanan na direita, assumiu o controle do jogo e retirou os belgas de circulação. A equipa de Schmidt passou a pressionar mais a frente, a ganhar a bola mais cedo.

Com a insegurança que existe na defesa, os homens mais recuados do Club Brugge deixaram de sair a jogar e passaram a fazer jogo direto, facilmente anulado pelo Benfica. Emergiu aí a segurança de João Mário com bola, a definir os timings para acelerar ou acalmar o jogo, as arrancadas de Rafa, os inúmeros duelos que Gonçalo Ramos foi ganhando aos centrais contrários, e a Aursnes, omnipresente e sempre disponível para o jogo.

As bolas paradas foram e ambas as equipas tentaram surpreender nestes momentos de jogo. O Brugge cresceu na parte final num canto, mas Neres matou o jogo após mais uma infantilidade na defesa belga.

Uma palavra para João Mário, que está a fazer a sua melhor época de sempre a nível sénior, aos 30 anos. No Benfica de Roger Schmidt o médio formado no Sporting encontrou o contexto ideal para mostrar o seu futebol, como mostram os 17 golos marcados em apenas 35 jogos, além das nove assistências que leva esta época.

Com o golo que marcou ao Club Brugge, o nono na cobrança de uma grande penalidade, João Mário tornou-se no primeiro jogador do Benfica a marcar em quatro jogos consecutivos na Liga dos Campeões. Este foi o seu quinto golo na presente edição da competição, o quarto de grande penalidade (ninguém marca mais do que ele de grande penalidade na prova). Apenas Darwin Núñez (seis em 2021/22) marcou mais pelo Benfica numa só campanha na Liga milionária.

A vitória permitiu ao Benfica igualar o recorde do FC Porto de 12 jogos sem perder na Liga milionária. A atual série de invencibilidade dos Encarnados começou em 2021/22, na segunda mão dos quartos de final, com um empate a três dos comandados de Nélson Veríssimo no reduto do Liverpool, em encontro da segunda mão dos quartos de final.

Desde 2005/2006, que o Benfica não somava três vitórias seguidas na Liga dos Campeões. Há 17 anos, sob o comando do neerlandês Ronald Koeman, o Benfica só caiu nos quartos de final da prova diante do Barcelona.

Momento-chave: João Mário agradece asneira de Jack Hendry

Aos cinco minutos do segundo tempo, Aursnes descobriu Gonçalo Ramos que se antecipou a Jack Hendry na área. O central escocês vinha como uma locomotiva desgovernada, não travou a tempo e derrubou o avançado, sem necessidade. Penálti claro que João Mário não desperdiçou, apesar de Mignolet ainda ter tocado na bola.

Os Melhores: Aursnes em todo o lado, Noah Lang contra tudo e todos

"Aursnes esteve perfeito no meio-campo. Teve excelentes incursões no ataque e foi essencial em todos os lances perigosos do Benfica." Essa é a descrição que se lê no site da UEFA, a respeito do médio norueguês de 27 anos. É dele o passe para Gonçalo Ramos ganhar o penálti do 1-0, é dele o início da jogada que vai terminar no 2-0 do Benfica. Esteve perto de marcar na primeira parte.

João Mário destacou-se porque abriu a contagem, de grande penalidade, mas também pelo que deu ao meio-campo Encarnado, com bola. Está na melhor fase da carreira, nesta que é também a sua melhor época.

Noah Lang foi a principal dor de cabeça do Benfica. As suas arrancadas pela esquerda ou pelo meio levaram algum perigo à baliza de Vlachodimos. De acordo com dados do GoalPoint, aos 60 minutos, o jogador tinha igualado o o recorde de dribles eficazes (9) em jogos da Champions, que tinha sido batido na terça-feira pelo portuguêsRafael Leão, do AC Milan.

Em noite 'não': Brugge tem de ir... às bruxas

Segundo jogo seguido em casa perante equipas portuguesas, zero golos marcados e quatro sofridos. O Club Brugge está longe do fulgor que exibiu no início da época e nem a troca de treinador está a fazer efeito. A equipa somou apenas uma vitória nos últimos 11 jogos, tendo perdido três e empatado sete. Frente ao Benfica, cometeu vários erros individuais na defesa, bem aproveitados pelo Benfica. Erros que não são admissíveis nuns oitavos de final da Champions.

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