Iker Casillas e José Mourinho reencontram-se na terça-feira pela primeira vez em jogos oficiais desde que coabitaram no Real Madrid, no qual desenvolveram uma relação futebolista/treinador de altos e baixos que terminou de forma tensa.
"É como a relação de um casal, que com o tempo perde o 'feeling' e tudo começa a deteriorar-se", descreveu na semana passada o atual guarda-redes do FC Porto, que se vai tornar o futebolista com mais jogos na Liga dos Campeões (152) quando os 'dragões' receberem o Chelsea, de Mourinho, na segunda jornada do Grupo G.
Entre as palavras de Casillas e o último jogo que o espanhol fez sob as ordens do treinador português passaram quase três anos. Bicampeão europeu e campeão mundial com a Espanha, Casillas foi o eleito de Mourinho nas suas duas primeiras épocas em Madrid. Alinhou em 54 jogos em 2010/11 e 53 em 2011/12, esta coroada com o título de campeão espanhol, mas, na seguinte, tudo mudou.
Após um empate com o Espanyol (2-2) na 16.ª jornada, Mourinho entregou a baliza a Adán na ronda posterior e Casillas fechou o ano de 2012 sentado no banco. Argumentando que Iker precisava de "competitividade", o português repetiu a opção na 18.ª ronda, mas foi forçado a recorrer ao internacional espanhol quando Adán foi expulso.
A titularidade de Casillas durou mais cinco jogos, até ao momento em que sofreu uma fratura na mão, a 23 de janeiro de 2013, num jogo dos quartos de final da Taça do Rei. Três dias depois, o Real Madrid anunciou a contratação de Diego López e aquele que era o 'portero' incontestável do clube desde 1999 não voltou a jogar até final da época, mesmo tendo recuperado em fevereiro.
A par dos objetivos desportivos falhados (campeonato e Liga dos Campeões), a relação entre ambos agudizou-se, dividiu opiniões e até o balneário, mas Mourinho negou sempre qualquer problema com o jogador. Várias foram as vozes que se levantaram em defesa do guardião e a época terminou com Casillas, Pepe e Cristiano Ronaldo fora dos convocados do último jogo.
"Chorei, sofri, passei mal, tive muitas noites a dormir pouco ou mal", confessou Casillas, três semanas depois de os caminhos de ambos se terem separado e pouco mais de um mês antes de um fugaz reencontro sem história num jogo de pré-época em Miami, em que o Real Madrid venceu o Chelsea por 3-1, com Casillas na baliza.
Iniciava-se então a era de Carlo Ancelotti no comando dos ‘merengues’ e, com o italiano, Casillas foi remetido ao banco na Liga espanhola em 2013/14, mas foi ‘dono’ da baliza na Taça do Rei e na Liga dos Campeões, erguendo ambos os troféus, antes de voltar a ser quase sempre primeira opção na época de 2014/15, precisamente a da sua contestada despedida do Bernabéu e a mesma em que Mourinho festejava o seu terceiro título de campeão inglês, no regresso ao Chelsea.
Em janeiro deste ano, voltou a referir-se à fricção com o português aparentemente sem rancor: “Tivemos uma relação de amor e ódio. De encontros e desencontros. Andei triste. Cheguei a chorar. Hoje, cumprimentaria Mourinho e penso que ele também”.
O adeus ao Real Madrid, clube da sua vida, reencaminhou-o para o FC Porto, aos 34 anos, e os seus caminhos voltam a cruzar-se no Estádio do Dragão, casa em que Mourinho se elevou ao estrelato e que agora pode ser o palco do tal aperto de mão.
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