Simão despediu-se de forma emocionada do Benfica em 2007. Cinco anos depois reencontra-se com o clube português. Não se trata de um regresso ao Benfica, mas sim de um encontro de circunstância na cidade de Barcelona, onde agora representa o Espanyol. Para o internacional português será um jogo especial. Afinal, estarão em campo duas das equipas que representou ao longo da sua carreira. Com 33 anos, Simão fala ao SAPO Desporto sobre o presente no Espanyol e um futuro que se aproxima cada vez mais do fim da carreira.

- O regresso do Benfica à cidade onde está a jogar mexe emocionalmente consigo?

Claro que mexe, ver o Benfica aqui mexe comigo a todos os níveis. É um jogo muito importante para o clube, a cidade está cheia de adeptos do Benfica e há muitos jornalistas aqui também… Hoje já fui abordado por alguns adeptos, que me perguntaram pelo regresso. Vou estar a torcer pelo Benfica. 

- Espera regressar a Portugal?

Não sei o que irá acontecer, mas gostava de voltar a Portugal. Tenho saudades do meu país, de estar em casa. Vamos ver o que vai acontecer no futuro.

- O Benfica surge esta noite algo “remediado”, face às ausências de Salvio, Enzo Pérez e Melgarejo, enquanto o Barcelona opta por chamar vários jogadores da sua cantera. O que se pode esperar do jogo?

O Benfica tem um bom plantel. Há jogadores que não viajaram, mas há outros que têm qualidade, como Gaitán, que não tem sido utilizado. Gosto muito de o ver jogar e hoje deve ter essa possibilidade. Já o Barcelona vai ser sempre uma equipa complicada e forte, mesmo com jogadores das camadas jovens. Eles estão habituados à filosofia de jogo da equipa.

- Os adversários queixam-se do estilo de jogo do Barcelona, que quase monopoliza a posse de bola. Como pode o Benfica anular esse sistema?

Aqui em Barcelona é muito complicado. O campo é enorme e eles fazem-no parecer ainda maior. Se quando jogamos em casa o Barça já é difícil, em casa é ainda mais complicado. Vai ser um jogo aberto, onde o Barcelona vai ter mais posse de bola, mas o Benfica tem de surpreender em contra-ataque, com jogadores como Lima e Rodrigo.

- Se pudesse apostar no Totobola, qual seria o seu palpite?

É difícil! Prefiro que o Benfica ganhe, porque quero que continue na Liga dos Campeões. É bom para o futebol português e para o próprio Benfica. Tenho um carinho muito grande pelo clube.

- Trocou algumas palavras com a equipa?

Não, não. Não tive oportunidade de falar com ninguém. Tenho uma excelente relação com o presidente e com alguns jogadores, mas não chegámos a falar. É normal, porque nesta altura os jogadores querem estar concentrados no jogo.

- Vai ver o desafio a Camp Nou?

Sim, vou ao estádio. Apesar de ser jogador do Espanyol não tenho qualquer problema. Os adeptos do Barcelona respeitam-me muito e vou apoiar o Benfica.

- Diz-se que o ambiente no estádio do Espanyol é mais fervoroso que o de Camp Nou. Concorda com essa opinião?

Concordo. Apesar de o Estádio do Barcelona levar muitos mais adeptos, o nosso estádio é novo, dá para 35 mil pessoas e conta com adeptos mais fervorosos. Tem sido bom.

- O Espanyol conta agora com Javier Aguirre no comando, sendo este um treinador que o conhece bem dos tempos do At. Madrid. Acha que vai poder mostrar “o melhor Simão”?

Vou ter de mostrar. Cheguei aqui a meio de agosto sem ter feito a pré-temporada e eles já tinham quase dois meses de trabalho. Foi complicado chegar ao nível em que eles já estavam, custou-me imenso… Agora já estou num bom momento de forma.

- Como avalia os primeiros dias com o novo treinador?

Quando há uma mudança é sempre bom. Estamos a assimilar bem os primeiros dias de trabalho. Já o conhecia das duas épocas no Atlético de Madrid, sei como é, sei como trabalha e o que pretende dos jogadores. Estamos a trabalhar bem para começar a somar pontos.

- Muitas vezes olha-se para um jogador acima dos 30 anos como um “velho”. Aos 33 anos, como encara esse rótulo?

Temos de respeitar, mas sabemos que não é bem assim. Há jogadores com 35, 36 e até 38 anos em bom nível, sobretudo em Itália. Enquanto as lesões nos respeitarem, jogadores com mais de 30 anos não têm qualquer problema se se cuidarem. Temos casos de jogadores que chegaram e conseguiram manter esse nível durante muito tempo.

- Até onde quer chegar na sua carreira?

É muito complicado estipular uma data ou o fim de uma etapa. Espero jogar pelo menos mais dois ou três anos a bom nível. Enquanto continuar a ter a mesma paixão pelo futebol e a mesma alegria, irei continuar a jogar. No entanto, tenho consciência que estou mais perto do fim.