O antigo futebolista Vítor Paneira classifica como jogo “à Benfica” a visita ao Bayer Leverkusen, em março de 1994, que, com o empate a quatro golos, levou a formação portuguesa às meias-finais da Taça das Taças.
«Foi um jogo histórico para o Benfica e para o futebol português, pela inconstância no resultado e pelo significado que teve, por ser na Alemanha. Na altura, tal como hoje, as equipas alemãs eram poderosíssimas na Europa e o Bayer Leverkusen era uma delas», lembrou à Lusa o atual treinador do Tondela.
Antevendo a visita das “águias” a Leverkusen, na quinta-feira, em jogo da primeira “mão” dos 16 avos de final da Liga Europa, o antigo “capitão” do Benfica evocou o emocionante empate em solo alemão, depois da igualdade a um golo registada em Lisboa.
«Recordo-me que estava uma noite fria, estaria meia casa para cada lado, tínhamos muitos emigrantes a apoiar a equipa. Conseguimos inverter um resultado de 2-0 que nos era desfavorável, sentimos que tínhamos a eliminatória na mão aos 3-2, mas o Leverkusen inverteu para os 4-3. Depois, acabámos por conseguir empate e esse golo foi quase o acreditar de uma forma definitiva que iríamos passar essa eliminatória. Poucas pessoas acreditavam», explicou.
Os «dois belíssimos golos» do médio russo Vasili Kulkov e o tento «fantástico» de Abel Xavier são inesquecíveis para Vítor Paneira, que, mesmo assim, destacou o “coletivo” do Benfica, necessitado de marcar no estádio Ulrich-Haberland: «Acreditávamos que haveria golos, mas nunca esperávamos que iria acabar 4-4».
«Acho que era o espírito de grupo. Nós tínhamos uma equipa de grande qualidade e acreditámos que podíamos disputar esta eliminatória. Foi fantástico, pelos emigrantes e benfiquistas que lá estavam. Acabou por ser um jogo fantástico, em que não conseguíamos referenciar um nome que se tenha destacado no jogo, porque o coletivo foi muito forte. Acabámos por fazer um jogo à Benfica e isso foi importante», sublinhou.
Vítor Paneira referiu o resultado positivo na Alemanha e a qualificação para as meias-finais da Taça das Taças entre os vários motivos que o fazem considerar memorável o jogo de 15 de março de 1994.
«Acabou por me marcar a mim, pessoalmente, porque fui ‘capitão’ de equipa nessa noite e capitaneei a equipa para um resultado fantástico. Está num ‘cantinho’ especial, como muitos outros, mas recordo este, o do Arsenal (3-1 fora, após prolongamento, em 1991/92) e tantos outros... porque pouca gente acreditaria no que conseguimos, mas fomos capazes, fomos competentes», salientou.
Para o próximo embate entre Benfica e Bayer Leverkusen, Paneira nem hesita, considerando a formação comandada por Jorge Jesus como favorita.
«Há dois meses, senti que o Benfica era mais forte e favorito para esta eliminatória. Continuo a dizer que, independentemente de o Bayer Leverkusen estar no terceiro lugar [da Liga alemã], acho que o Benfica, sendo um Benfica normal a jogar bem como tem jogado, tem equipa para ultrapassar este obstáculo, que é sempre difícil, com um poderio enorme nas bolas paradas e no jogo aéreo», concluiu.
O Benfica começa a disputar na quinta-feira em Leverkusen o acesso aos oitavos de final da Liga Europa. Quem triunfar, jogará na fase seguinte com o vencedor do confronto entre os ucranianos do Dínamo de Kiev e os franceses do Bordéus.
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