
O Mundial de Clubes arranca este domingo nos Estados Unidos e, com ele, uma polémica medida de segurança está já a gerar desconforto: o ICE (Serviço de Imigração e Controlo de Alfândegas) e a CBP (Proteção das Fronteiras) anunciaram que terão agentes destacados nos estádios das várias cidades anfitriãs.
A medida, apresentada como “rotina” para eventos desportivos de grande dimensão, está a ser duramente criticada por ativistas e por largas franjas da população imigrante.
Para muitos adeptos de futebol que vivem nos EUA sem estatuto legal regularizado — um processo que pode arrastar-se durante anos —, a presença de autoridades de imigração à entrada dos estádios funciona como um aviso dissuasor. A preocupação agrava-se com a existência de uma lista de pessoas banidas de assistir aos jogos por envolvimento em episódios de violência desportiva nos seus países de origem, além da promessa do governo de impedir que turistas usem o torneio como pretexto para permanecer no país ilegalmente.
“Queremos que venham. Que celebrem. Que vejam futebol. Mas, terminado o torneio, têm de regressar a casa”, afirmou o vice-presidente JD Vance numa conferência de imprensa ladeado por Donald Trump, Gianni Infantino e a secretária de Segurança Nacional, Kristi Noem. A mensagem, clara e dura, veio acompanhada de um reforço de controlo que poderá incluir fiscalização nas zonas adjacentes aos recintos desportivos.
A decisão é também uma resposta ao caos vivido na final da Copa América, no verão passado, quando milhares de adeptos invadiram o estádio Hard Rock, em Miami, sem bilhete e contornando todos os dispositivos de segurança. O mesmo estádio, alvo de fortes críticas internacionais, será o palco do jogo inaugural entre o Inter Miami e o Al Ahly.
O sucesso — ou fracasso — do plano de segurança durante o Mundial de Clubes será decisivo para os dois grandes eventos à vista nos Estados Unidos: o Mundial de 2026, organizado em conjunto com México e Canadá, e os Jogos Olímpicos de Los Angeles em 2028.
Para já, as 11 cidades norte-americanas que vão receber jogos do Mundial de 2026 exigem ao Governo uma fatia de 625 milhões de dólares para cobrir custos de segurança, mas enfrentam resistência e falta de consenso num país onde o futebol e a imigração se voltam a cruzar numa batalha sensível.
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