As selecções italiana e francesa estão no topo das desilusões neste campeonato. A primeira, campeã em título e por quatro vezes conquistado (só superado pelo Brasil), terminou a fase de grupos no último lugar do Grupo F, sem qualquer vitória, dois empates e uma derrota no jogo com a desconhecida Eslováquia, que acabaria por seguir até aos “oitavos”. Explicações podem haver muitas: o técnico, Marcello Lippi, já tinha sucessor escolhido e sabia que acabando o Mundial saía; os jogadores tinham uma média de idades elevada e o “cérebro”, Andrea Pirlo, lesionou-se e pouco conseguiu contribuir para dar outra tonalidade ao azul mais que pálido da Squadra Azzura.
A França, já com uma qualificação muito contestada, tinha ao comando um seleccionador mal-amado, não só pelos adeptos, mas também pelos jogadores, como ficou comprovado. Tal como Lippi, Raymond Domenech já tinha sido dispensado e sabia que Laurent Blanc lhe ia suceder. A gota de água foi a discussão com Anelka, que levou a equipa a fazer greve aos treinos. Resultado: último lugar do Grupo A, um empate (com a surpresa Uruguai) e duas derrotas, com México e a anfitriã África do Sul. Frank Ribéry, um dos nomes sonantes à entrada para este Mundial, não teve hipótese de brilhar perante um colectivo desmembrado. Não foi por falta de grandes jogadores que a França ficou pelo caminho, mas quando tudo começa torto, “tarde ou nunca se endireita”.
Num outro plano, três selecções se destacam: Inglaterra, Brasil e Portugal, que seriam afastados da competição pelas três melhores equipas do Mundo (Alemanha, Holanda e Espanha, respectivamente). A Inglaterra não esteve bem na fase de grupos, conseguindo o apuramento para os “oitavos” mesmo no limite. Indicada por muitos como candidata ao título, defraudou as expectativas, ao cair ante a Mannschaft, numa derrota pesada por 4-1. Com um leque de grandes jogadores, faltou o colectivo.
O Brasil é sempre o grande favorito, mesmo que as suas equipas não sejam as melhores do Mundo. Com o melhor curriculum de todos os países, o “escrete”, agora com um futebol muito europeizado, não conseguiu fazer vibrar os adeptos como outrora. Dunga manteve sempre a sua opinião, deixou de fora jogadores como Ronaldinho Gaúcho, e nos quartos, diante da Holanda, claudicou. A Laranja Mecânica conseguiu dar a volta ao resultado e no final do jogo só se viu um Brasil ansioso e desesperado. Pela segunda vez consecutiva, os pentacampeões ficam-se pelos oitavos-de-final.
De uma outra perspectiva, Portugal também deixou um amargo de boca. Terceira melhor selecção do Mundo, segundo o ranking da FIFA, à entrada para este Mundial, conseguiu apenas uma boa exibição frente aos norte-coreanos e por isso figurará na história com a goleada imposta: 7-0. Carlos Queiroz não reúne consenso entre os adeptos lusos, Ronaldo foi uma sombra do que se viu no Real Madrid e diante da Espanha, o medo, salvo raros momentos, imperou. Muitos dirão que se caiu aos pés da campeã do Mundo, mas isso não atenua o facto de a Selecção Nacional ter jogadores para mais.
Para finalizar, a Argentina, de Maradona e Messi, que mostrou um grande futebol na fase de grupos, de onde saiu invicta, não teve argumentos para a Alemanha, naquela que se poderia considerar uma final antecipada, nos quartos-de-final. O futebol prático e veloz dos alemães foi demasiado para uma selecção com um futebol perfumado, mas com algumas lacunas, principalmente ao nível defensivo. Não se pode dizer que foi uma hecatombe para a “alvi-celeste”, mas perder por quatro golos sem resposta numa fase já tão avançada da competição é duro.
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