Vítor Baia falava no âmbito de uma sessão de divulgação e sensibilização para a morte súbita cardíaca, promovida pela Fundação Portuguesa de Cardiologia no âmbito do Dia Europeu do Doente Coronário.
"Temos um sistema que penso ser o melhor de Portugal e dos melhores da Europa", referiu Vítor Baia, acrescentando que o FC Porto dispõe para cada jogo de cinco equipas permanentes e oito desfibrilhadores.
O director portita referiu ainda que, para os jogos em que se prevê casa cheia, os recursos aumentam significativamente e referiu que os meios de socorro no Dragão estão articulados com o Hospital de São João.
"Uma equipa fica direccionada para os atletas e para o que poderá ocorrer no campo e Existem no Dragão vários postos de Primeiros Socorros e um central que comanda os restantes", explicou.
Vítor Baia disse ainda que o FC Porto tem um protocolo de catástrofe com os ingleses do Manchester United, que visa a troca de conhecimentos no que toca e evacuar e direccionar espectadores em caso de acidente.
"Penso que não será um exagero da minha parte dizer que as pessoas estão bem mais seguras no Estádio do Dragão do que nas suas casas caso sejam acometidas de qualquer problema cardíaco", disse.
Para Vítor Baia, "o serviço prestado no Estádio do Dragão é bem mais eficaz e de grande qualidade do que se estivéssemos em casa a assistir a um jogo pela televisão e tivéssemos um problema cardíaco".
"É por recordarmos nomes como Miklos Fehér, o basquetebolista Paulo Pinto, o ciclista Bruno Neves e o andebolista Francisco Ribeiro que o FC Porto tem em permanência três desfibrilhadores externos automáticos", defende Vítor Baía.
A morte súbita cardíaca constitui a principal causa de norte nos países desenvolvidos. Mata 450 mil pessoas por ano - há uma morte em cada dois minutos - e provoca uma mortalidade superior à da SIDA.
O clínico Hipólito Reis defende que "para combate a morte súbita é necessário reconhecer a importância do suporte básico de vida e da criação de programas de acesso à desfibrilhação precoce em todos os locais frequentados por multidões".
A morte súbita cardíaca define-se como morte de causa natural, devido a doença cardíaca, caracterizada por uma perda súbita de conhecimento, sendo mais frequente em actividades desportivas intensas.
O primeiro caso conhecido em Portugal de morte súbita é o de Pavão, jogador do FC Porto, que faleceu em 1973 na sequência de uma paragem cardiorrespiratória aos 13 minutos do jogo com o Vitória de Setúbal.
Pavão, Navalho, Paulo Pinto, Nuno Mendes, Féher, Kevin Widewoord, Bruno Neves, Francisco Ribeiro, Dani Jarque e António Puerta são apenas alguns dos nomes tristemente ligados à morte súbita durante a prática de actividade desportiva.
Lopes Gomes, da organização, defende a necessidade de alertar a população e o poder político para as questões do coração, mesmo quando no Dia Europeu do Doente Coronário (Dia dos Namorados) estejam ocupados com outras coisas.
"É preciso alertar para a necessidade de se criar uma alternativa de vida melhor, tendo como pontos de partida a prevenção, a mudança do estilo de vida, a promoção de cursos de suporte básicos de vidas e apoiar os doentes com doenças coronárias", disse.
Ainda de acordo com Lopes Gomes é necessário combater a morte súbita, com uma campanha a nível nacional, com a colaboração das autarquias e grupos desportivos, para dotar de meios para ressuscitar indivíduos em perigo nos locais que registam grande concentração de pessoas.
"Temos que criar a possibilidade de ter em qualquer parte capacidade para reanimar quem precise", referiu Lopes Gomes, acrescentando que Portugal "é deficitário nesta área. A única cidade que tem um sistema organizado é Guimarães".
"A paragem cardíaca acontece em qualquer lugar e a qualquer hora, mas estatisticamente ocorre onde há mais pessoas. Nos aeroportos, nos terminais de camionagem e nos recintos desportivos, devemos ter alguém que possa apoiar a morte súbita", sustentou.
O clínico Domingos Gomes, membro do comité médico da UEFA, adianta que "99 por cento destes casos não é detectável por uma simples auscultação clínica e oito por cento não têm causas conhecidas".
Domingos Gomes defende que "não existem desportos que potenciem mais a morte súbita do que outros, mas que todos os recintos desportivos deveriam ter suporte básico de vida por cada 30 mil espectadores.
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