A polícia londrina anunciou hoje ter recebido 106 denúncias de alegados abusos sexuais no futebol britânico, envolvendo 83 suspeitos ligados a 30 clubes da capital, incluindo quatro da 'Premier League'.
“A ´Metropolitan Police´ encara todas as alegações com a devida seriedade e os seus especialistas farão a análise da informação recebida”, afirmou Ivan Balhatchet, responsável pelo comando da polícia londrina encarregado de combater e investigar crimes sexuais contra menores.
Na ocasião, o responsável da polícia londrina escusou-se a identificar os clubes a que pertencem os alegados envolvidos, indicando apenas que do elenco fazem parte quatro clubes da ´Premier League´ - a divisão principal do campeonato britânico de futebol tem cinco clubes londrinos: Chelsea, Arsenal, Tottenham, West Ham e Crystal Palace.
Os restantes casos, que resultam apenas de uma das investigações em curso, ocorreram alegadamente em dois clubes do ´Championship´ (segunda divisão), três da ´League One´ (terceira divisão) e ´League Two´ (quarta divisão) e em em clubes amadores ou não profissionais.
No final de novembro, o Chelsea anunciou ter contratado um escritório de advogados para investigar um antigo funcionário da “década de 1970”, já falecido, suspeito de abuso sexual de jovens futebolistas.
"O clube contactou a federação [FA] a fim de garantir que todo o auxílio lhe será dado no seu inquérito global. Isto significa transmitir toda a informação à FA sobre o inquérito que vamos realizar”, escreveu então o Chelsea, em comunicado.
De acordo com o Daily Telegraph, o Chelsea teria pago a um ex-jogador de uma das suas equipas jovens para garantir o seu silêncio sobre a agressão sexual de que foi vítima por parte de um recrutador, Eddie Heath, que trabalhou para os ‘blues’ de 1968 a 1979.
O futebol britânico enfrenta um escândalo de pedofilia sem precedentes, sendo que cerca de 20 ex-jogadores, incluindo internacionais, revelaram ter sido vítimas de agressão sexual.
A federação abriu um inquérito sobre a matéria confiando o mega processo ao advogado Kate Gallafent, especialista em proteção à criança.
Em novembro, o presidente da federação, Greg Clarke, assumiu que esta era a “maior crise” de sempre do futebol inglês, prometendo como “prioridade” da FA evitar que haja uma “nova geração de vítimas” de abusos sexuais nos escalões de formação do país.
“Quero deixar claro que partilho a dor das vítimas. Vamos investigar estes casos para que não haja uma nova geração de vítimas e para que aqueles que sofreram recebam uma verdadeira ajuda”, disse.
O dirigente falava ao lado de Andy Woodward, o primeiro futebolista a admitir que foi vítima de abusos sexuais nos primeiros anos da carreira, confissão que foi seguida de várias outras de diversos jogadores em diferentes pontos do país, num escândalo que tem abalado a modalidade.
“Temos dois objetivos prioritários: assegurarmos de que as vítimas se sintam seguras na hora de denunciar estes factos e fazer todos os possíveis para que não haja uma nova geração de vítimas”, reforçou.
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