O feito merece ainda mais relevo quando do outro lado da contenda esteve ‘apenas’ o melhor Benfica dos últimos 30 anos. Domingos Paciência lembrou-o diversas vezes ao longo da época e a ideia só realça o mérito dos arsenalistas.

Com um orçamento muito inferior aos seus rivais, António Salvador e Carlos Freitas construíram um plantel de elite com ‘sobras’ dos grandes, como João Pereira, Hugo Viana, Alan, Madrid ou Rentería, todos com passagem por Benfica, FC Porto e Sporting no seu curriculum.

Aliás, a primeira década do século XXI ‘construiu’ no Sporting de Braga uma porta de entrada e saída de jogadores para os três grandes. Se alguns nomes já citados foram ‘reciclados’ e devolvidos ao estrelato na Pedreira, outros escreveram os derradeiros capítulos dos seus trajectos na cidade dos Arcebispos, sendo o exemplo mais visível João Vieira Pinto.

A estatística é a ‘melhor amiga’ do Sporting de Braga para explicar a sua brilhante temporada. Desde 2006/07 que o campeonato é decidido a 30 jornadas e com essa retrospectiva o Sporting de Braga deste ano teria sido sempre o campeão nacional, sempre à frente do FC Porto de Jesualdo Ferreira. Números sintomáticos de uma equipa ‘condenada’ a ficar para a história. O estatuto de quarto grande, alicerçado em épocas de constante incómodo aos ‘grandes’, já ninguém o tira ao Sporting de Braga.

Curiosamente, a temporada até arrancou com um sério revés, face à eliminação precoce das competições europeias, que colocou demasiado cedo um ponto de interrogação sobre o futuro dos ‘guerreiros do Minho’. Um mal que veio por bem, como reza o adágio popular, já que os arsenalistas se centraram no campeonato enquanto Benfica, FC Porto e Sporting faziam pela vida na Europa.

Eduardo, Moisés, Vandinho (até ser castigado por três meses pela Comissão Disciplinar), Mossoró e Alan foram os pilares de uma equipa que foi perdendo unidades – João Pereira, Vandinho e Mossoró  - mas nunca a coesão. Como um relógio suíço, a máquina arsenalista não falhava e a estratégia, a táctica ou os princípios de jogo sobrepuseram-se sempre aos seus intérpretes. Um ‘nós’ acima de qualquer ‘eu’.

Com os milhões da Champions no horizonte, resta saber quais as capacidades do Sp. Braga para resistir ao maior desgaste que se adivinha para 2011. Se o filme for como o desta época, os espectadores da Pedreira só terão motivos para aplaudir.